sexta-feira, 18 de abril de 2014

CAMPANHAS ELEITORAIS - Para deputados, fim de doação de empresas é um avanço


doacao de empresas Deputados cearenses acreditam que a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal em proibir doações de empresas para campanhas eleitorais no Brasil dará um salto de qualidade no processo de escolha dos representantes políticos do País. Apesar de acharem que ainda há muito a ser conquistado frente a uma reforma política mais abrangente, os parlamentares da Assembleia Legislativa destacam que a medida, caso seja aprovada pelo plenário da Câmara dos Deputados, demonstrará um avanço nas ações adotadas pelos congressistas, em Brasília.
A matéria, que foi aprovada em caráter terminativo, recebeu uma emenda do senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná, relator da proposta, que vetou integralmente todas as
doações para campanhas eleitorais de pessoas jurídicas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) discute tema semelhante, pois está julgando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que visa a impedir que doações de campanhas sejam feitas por empresas. A maioria do STF foi favorável à ação, mas o julgamento está parado após pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes, no último dia 2 de abril. Entretanto, a ação já tem maioria dos votos contra a doação de empresas às campanhas.
Irregularidades
O deputado Dedé Teixeira (PT) afirmou que a ideia que seu partido tem defendido é a do financiamento público exclusivo de campanha e, apesar de a decisão da CCJ não ser exatamente o defendido pelo PT, é um caminho que poderá dar mais transparência para as transferências feitas aos partidos durante as eleições. "Não deixa de ser algo importante, até mesmo porque você cura uma série de questões que ocasiona irregularidades nas campanhas, onde financiadores passam a influenciar durante as gestões", apontou.
Ainda segundo o petista, quanto mais longe o dinheiro estiver das campanhas eleitorais, assim como as empresas privadas, mais transparente será o processo nas eleições. No entanto, ressaltou que os partidos não devem deixar de lutar pela reforma política, como tem defendido o PT e outras siglas.
"O ideal seria que o Congresso elegesse uma constituinte para discutir especificamente uma reforma política e eleitoral profunda, que não vá mexer só no financiamento, mas em todos os temas, inclusive os polêmicos. É isso o que a sociedade clama desde os protestos de junho do ano passado", apontou Teixeira.
De volta à Assembleia após gestão na Secretaria Municipal de Educação, o deputado Ivo Gomes (Pros) afirmou que a decisão é importante, mas opinou que é preciso ter algo no lugar do financiamento de empresas privadas, como o financiamento público de campanha. "Se não o fizerem, essa decisão só aumentará o caixa dois e deixará a nossa representação nas mãos exclusivas de milionários. Será a institucionalização da plutocracia", declarou. Ele criticou o que chamou de "arranjos conjunturais" e reforçou a urgência por uma reforma política que inclua o financiamento público.
Paulo Facó (PTdoB) sugeriu que seja estabelecido um limite para as doações em campanhas, lembrando que, hoje, há inúmeros relatos sobre empresas que doam grandes quantias de dinheiro a partidos em campanhas para depois se beneficiar dos mandatos parlamentares.
O representando do PCdoB na Assembleia Legislativa, Lula Morais, afirmou que o financiamento de campanha no Brasil é privatizado, pois as empresas "bancam" o processo eleitoral. Ele ressaltou que as eleições no País têm resultados distorcidos, já que o poder privado seleciona as candidaturas que o beneficiam e distanciam a representatividade popular.
Caixa dois
"Um dos pontos da reforma política é o fim da privatização da campanha eleitoral em nosso País. Isso democratizará muito mais as eleições. Não vai deixar de ter caixa dois, mas vai ter como identificar mais quem está se excedendo no uso dos recursos e vai horizontalizar mais e racionalizar mais o pleito", defendeu Morais.
Roberto Mesquita (PV) salientou que a prática das empresas nas eleições tem demonstrado que elas não tem sido nada republicanas. Segundo o parlamentar, a eficácia da medida no Senado é fazer com que haja mais "pureza" no processo eleitoral, tornando as campanhas mais transparentes e mais "puras".
"A ideia é que a vontade eleitoral não seja, de forma alguma, massacrada pelo poder econômico e compra de votos (...). Os candidatos devem ser aceitos em pé de igualdade", opinou.
O deputado destacou que a medida é "utópica", considerando que muitos candidatos têm ligações diretas com empresas e poderão receber a ajuda de forma não declarada. Ele citou como principal problema nas eleições o chamado caixa dois, que são os gastos não declarados oficialmente na campanha.
"A utopia é que temos grandes diferenças nos candidatos, que se apresentam nos mais variados tipos de poder aquisitivo e isso torna utópico. A intenção é ótima. No entanto, os que são donos de grandes grupos ou com negócios com grande grupo irão se beneficiar", disparou



POSTADA;GOMES SILVEIRA
FONTE;DN

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