sexta-feira, 8 de junho de 2012

Euro 2012 - Sem espaço para intrusos



Torneio tem início hoje, com Polônia x Grécia, em Varsóvia; Espanha, Alemanha e Holanda são os grandes favoritos

Começa hoje o segundo maior torneio de futebol de seleções do mundo, a Eurocopa, este ano com sede dividida entre Polônia e Ucrânia. Ao dar o pontapé inicial para a competição, às 13h (horário de Brasília), em Varsóvia, o jogo Polônia x Grécia vai iniciar uma disputa que promete ser a mais equilibrada entre as últimas edições da competição continental. Mas tal equilíbrio promete ser restrito.


O espanhol Casillas, o holandês Robben e o alemão Mario Gomez são candidatos a destaque

"Não me lembro de uma Eurocopa com três favoritos tão claros quanto esta. Espanha, Alemanha e Holanda, necessariamente nessa ordem, são os candidatos mais fortes à taça", aposta Rodrigo Bueno, comentarista do canal Fox Sports, deixando claro que não acredita muito em surpresas na edição deste ano. Para ele, as chances de voltar a acontecer o que houve em 1992, na Suécia, quando a convidada Dinamarca - no lugar da extinta Iugoslávia, então envolvida numa sangrenta guerra civil - levou o título para casa, ou uma Grécia, que em 2004 surpreendeu, batendo Portugal na casa do adversário, são diminutas.

"Qualquer outro time que vença será surpresa, e um possível favorito nesse quesito, pela renovação e evolução que vem mostrando, é a França", acrescenta.

O comentarista dos canais Espn, Paulo Calçade também aposta no trio que ficou com as três primeiras colocações na Copa do Mundo da África do Sul, há dois anos. Ele só não concorda com a ordem de favoritismo exposta por Bueno. "Acredito que a Espanha não tenha, hoje, o mesmo grau de favoritismo que a Alemanha. Isto porque a Espanha não ganhou de nenhuma grande seleção de 2010 para cá. Falhou contra Argentina, Portugal, Itália...", comenta Calçade. Mas o especialista da Espn faz uma ressalva em relação à Fúria. "O que pode ajudar a equipe (espanhola) é a confiança absurda que ela tem", afirma Calçade.

Base mantida

"A Espanha mantém a base que domina o planeta há quatro anos. Terá problemas com a ausência de Puyol, mas ainda é o time a ser batido, o que mais impõe seu jogo", completa Bueno, para reforçar sua convicção no time comandado pelo técnico Vicente Del Bosque. Os campeões do mundo, por sinal, pouco mexeram na equipe que foi à Copa de 2010. Dos 23 convocados, 18 (já sem contar com Puyol, cortado por conta de uma cirurgia no joelho) comemoraram a consagração planetária no estádio Soccer City, há dois anos.

Maior da história

Como fruto de um trabalho feito a longo prazo - ou seja, sem a mesma pressão enfrentada pelos treinadores da Seleção Brasileira - a três vezes campeã (mundial e europeia) Alemanha chega à Euro-2012 com um grau de favoritismo que há muito tempo não ostentava. Os germânicos tentam encerrar um jejum de 16 anos sem títulos com uma base sólida. "A Alemanha, segundo os próprios espanhóis, é a única equipe capaz de derrotar a Espanha. É uma seleção alemã das mais poderosas da história e potencialmente a mais veloz e vistosa. Somado a isso a tradição enorme que tem, a Alemanha tem tudo para estar na final", arrisca Rodrigo Bueno.

O time de Joachim Löw está no chamado grupo da morte, a Chave B, com Portugal, contra quem estreia no sábado, Dinamarca e a competitiva Holanda, que manteve a mesma base do vice-campeonato obtido na África do Sul, em 2010. Mas, para se dar bem no torneio continental, a Laranja terá de superar algumas dificuldades recentes. Uma delas é levantar novamente o moral do meia Robben, que passou a ser contestado em seu próprio país ao perder um pênalti na final da Liga dos Campeões por seu Bayern de Munique, diante do Chelsea.

Mas quem acompanha futebol bem sabe que a Itália nunca pode ser excluída do quadro dos grandes favoritos em torneios. Há quem aposte que, mesmo diante do "Calcioscommese", mais recente escândalo de fraudes ligadas ao mercado de apostasa, a Azurra pode se fortalecer mais uma vez, como aconteceu em 1982 e 2006 - anos em que o futebol italiano esteve impregnado de escândalos e acabou com a sua seleção campeã mundial.

Outra equipe que pode acabar com a festa de espanhóis, alemães e holandeses é a francesa. "Apesar de ter atolado na bagunça durante a Copa de 2010, com uma crise interna terrível, a França conseguiu ter uma cara de time em dois anos", comenta Paulo Calçade.

SAIBA MAIS

Nunca houve um bi
De 1960 até o momento, foram 12 edições de Eurocopa. Em nenhuma delas houve uma seleção que ganhasse dois títulos em sequência. Será a vez da Espanha (campeã em 1964 e 2008) tentar alcançar a quebra deste tabu

Grupo da morte
Alemanha, Portugal, Holanda e Dinamarca compõem o grupo B da Euro 2012. Trata-se da chave mais forte já formada em uma competição de seleções desde a criação do ranking da Fifa, em 1993.À exceção da Dinamarca, as outras três seleções estão entre os cinco primeiros lugares da lista da entidade

Boa fase francesa
Como prova de que está em franca ascensão e é ameaça para os favoritos, a França, bicampeã do torneio, não perde desde setembro de 2010 (21 jogos), sob o comando do ex-zagueiro Laurent Blanc

Ingressos encalhados
Até a última terça-feira, 5, ainda restavam 10 mil ingressos à venda para o torneio continental, segundo informações da Uefa. Até mesmo o clássico entre França e Inglaterra, que acontece no dia 11 de junho, em Donetsk, não havia vendido todas as suas entradas

Festa vai custar caro aos cofres públicos

Festa do futebol à parte, a semelhança entre a organização (ou desorganização) da Euro-2012 com a da Copa do Mundo do Brasil em 2014 impressiona. Apenas com estádios, foram gastos 2,3 bilhões de euros (R$ 5,9 bilhões), valor quase sete vezes maior que o registrado no torneio anterior, disputado na Suíça e na Áustria, em 2008. Praticamente todos os recursos são oriundos dos cofres públicos. Apenas o estádio do Shakhtar Donetsk não conta com dinheiro do erário das duas nações.

Foto
Estádio que pertence à Prefeitura da cidade polonesa de Wroclaw é uma das sete arenas da Euro 2012 que pertencem ao poder público

Ao final da competição, quase todas as oito praças esportivas (quatro delas levantadas especialmente para o torneio), com capacidade de receber 43.125 pessoas em média, se tornarão elefantes brancos. Isto porque a última temporada ucraniana registrou uma média de 11.925 pagantes, enquanto que a polonesa contabilizou 8.839.

Algo a ver com a Copa de 2014? Para Paulo Calçade, a semelhança é clara, mas ainda assim os números causam espanto. "Acredito que dois bilhões (de euros) na Polônia é muito mais grana para eles do que para o Brasil, se levarmos em consideração o PIB que eles têm em relação ao nosso. A Grécia, por exemplo, desde as Olimpíadas de 2004 sofre para pagar a dívida contraída naquela época".



Postada:Gomes Silveira
Fonte;Diário do Nordeste

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