Esta semana promete ser
decisiva para o lenga-lenga da aliança PT-PSB na sucessão eleitoral em
Fortaleza. Para logo mais à noite desta segunda-feira está prevista uma
reunião do grupo liderado em nível estadual pelo governador Cid Gomes. O
resultado deverá ser as últimas cenas da novela cujo desfecho a maioria
já espera. Salvo uma grave reviravolta, a tendência é o rompimento.
Tanto isso é evidente que ambos os lados, nas últimas semanas,
mostraram-se mais preocupados em encontrar uma saída honrosa para si do
que sinalizar a continuidade. Tentam jogar, no colo um do outro, o ônus
da cisão. Será o fim de um acordo político que perdura longos seis anos.
Mas a pergunta do dia é: a aliança deixará saudades, do ponto de vista
dos avanços administrativos que a Capital do Estado – e o próprio Ceará –
conquistaram de 2006 para cá? Tire você mesmo, leitor/internauta, as
suas conclusões. Este colunista acredita que não, e lança aqui o desafio
para quem puder provar o contrário.
Como amplamente
demonstrado em Colunas anteriores, a aliança PT-PSB nunca passou de um
acerto meramente eleitoreiro. Entre um pleito e outro, só o que se viu,
leu e assistiu foi a um deseducador espetáculo de provocações e entraves
políticos mútuos. Nesse jogo de interesse político, a Cidade sempre foi
esmagada entre os caprichos de quem governa hoje a Capital e o Estado.
Com o rompimento Cid-Luizianne, Fortaleza não perderá nada. Porque com a
aliança, jamais ganhou nada.
UMA OFERTA E DOIS COMENTÁRIOS
A
única e remota chance de a aliança PT-PSB se manter de pé em Fortaleza,
mesmo que para continuar cambaleante, é o cenário nacional e uma
espécie de intervenção branca de próceres petistas. Emissários do
ex-presidente Lula, que por aqui estiveram durante o Encontro Municipal
do PT, ofereceram ao governador Cid apoio irrestrito no processo de
sucessão de 2014, em troca do apoio do PSB, agora em 2012. Dois
comentários. Primeiro. Isso só reforça os argumentos do tópico anterior,
de que o relevante, para eles, são o jogo do poder pelo poder e quem e
quando fica no comando. Como se a Cidade pudesse esperar. O segundo
ponto é a oferta em si. Oferecer ao PSB uma condição dessas é admitir
que a situação da prefeita Luizianne Lins (PT), que tentará emplacar
Elmano de Freitas como seu sucessor, não é das melhores.
É um ato de quase desespero. Caso a atual gestão estivesse em condições positivas e a pré-candidatura petista apresentasse boa perspectiva eleitoral, seria inimaginável, logo o PT, se antecipar no apoio para 2014 aos Ferreira Gomes.
PORQUE NÃO 2014
A
repercussão da oferta de apoio do PT para o PSB de Cid/Ivo/Ciro Gomes
em 2014 não teve a receptividade esperada. A este colunista, um cacique
petista desfiou uma boa tese sobre o que poderia explicar a reação
discreta dos “FG”, como descreve a fonte. Em nível nacional, o PSB, que
hoje os abriga, não mais faz segredo sobre as intenções do partido para
2014. Está nos planos dos maiores dirigentes do PSB a disputa da
Presidência da República. Uma das condições para um recuo seria a oferta
da vice, hoje ocupada pelo PMDB, para o PSB. Nessas condições,
poderia-se perguntar: isso não fortaleceria a aliança PT-PSB no Ceará?
Não. Explica-se. Na hipótese de uma aliança PT-PSB ao Palácio do
Planalto, o nome incontestável para esse posto seria o do bem avaliado
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, herdeiro-presidente da
legenda. Nesse caso, assistiria-se, mais uma vez, ao bloqueio a Ciro,
que ainda sonha com um dia chegar ao Planalto. Lembram de 2010, quando
Campos entregou a cabeça de Ciro na bandeja para o então presidente
Lula?
A OFERTA E O RISCO
Este
colunista não morreria de susto se a seu tempo e circunstâncias, os
Ferreira Gomes se movimentarem para o lado do PSD, a indecifrável sigla
criada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (foto). Por uma
dessas marcas da política brasileira, o partido já nasceu grande. Está
presente em todo o Brasil e já é uma das maiores forças no Congresso
Nacional. No Ceará, tem cerca de 40 prefeitos, ligados ao Palácio da
Abolição. Desembarcar no PSD com vistas a 2014 poderia resolver um dos
problemas dos Ferreira Gomes, que sempre tiveram projeto de poder, mas
nunca tiveram controle partidário nacional. Trazendo tudo isso para
2012, seria uma jogada de risco para Cid apoiar o nome do PT agora, se
daqui a dois anos ele poderá estar disputando voto contra o PT e o
próprio PSB.
FOLLOW THE MONEY
Poucas
lições de jornalismo político se comparam ao caso Watergate, o histórico
escândalo que derrubou o presidente norte-americano Richard Nixon
(foto), em 1972, by Washington Post. Para o que poucos atentam é que foi
a partir da dica do personagem Deep Throat que o episódio se
desenrolou. Foi graças à famosíssima lição do Garganta Profunda, “Follow
the money”, que os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein perceberam
que estavam diante da história de suas vidas. Assim como lá, foi e
sempre será assim. Quer trazer à luz licitações fraudulentas,
empréstimos arranjados à base de propina, caixa dois em campanha
eleitoral e muito mais? Siga o dinheiro.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo
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