A avaliação da prefeita
Luizianne Lins (PT) sobre a segurança pública não é muito diferente da
opinião geral. Gente do próprio Palácio da Abolição não esconde a
insatisfação com o desempenho. Passados cinco anos e meio, a política do
Governo do Estado para a área prioritária dessa administração não deu
certo. Os resultados não apareceram e o fato de muito dinheiro ter sido
gasto só piora as coisas.
O que chama atenção é que a prefeita e o PT,
até a semana anterior, anunciavam que apoiariam a continuidade do atual
modelo, nas eleições de 2014, caso o PSB apoiasse Elmano de Freitas. Foi
o próprio presidente nacional do PT, Rui Falcão, com a chancela do
ex-presidente Lula, quem anunciou o compromisso de adesão ao nome
indicado por Cid Gomes (PSB) para a próxima eleição para governador, no
caso de haver acordo agora. Ora, seria até irresponsabilidade do partido
apoiar uma administração com desempenho “desastroso”, nas palavras de
Luizianne, em “uma das poucas em que o Estado poderia colaborar”. Uma
gestão que faz a cidade sofrer “de ponta a ponta”. Não chega a
surpreender, mas fica muito evidente que Prefeitura e Governo se
apoiaram mutuamente, até agora, não por considerarem que a outra
administração fazia bom trabalho. A preocupação era meramente cultivar
seu quinhão, sem que o outro lado causasse incômodo. Curioso constatar
que o PT, conscientemente, estava disposto a manter o Ceará no desmazelo
que considera existir em área tão crucial, em troca tão somente do
apoio eleitoral. Luizianne não deixa de ter razão no diagnóstico, mas o
fato é que a crítica agora é tão oportunista quanto foi a aliança antes.
As declarações da prefeita no O POVO de quinta-feira deixam ainda mais
evidente que o PSB fez muito bem à política cearense ao pôr fim a esse
pacto de mediocridade.
FALTA D’ÁGUA FOI RESULTADO DE NEGLIGÊNCIA
A
falta d’água que atingiu boa parte de Fortaleza na última semana foi
monumental desrespeito com a população, resultado da negligência da
Cagece. Na quinta-feira anterior, moradores telefonaram para comunicar a
companhia sobre o vazamento. No sábado, foi feito novo telefonema. No
domingo, o cano estourou e levou abaixo dois imóveis, além de deixar
outros danificados. Felizmente ninguém morreu. Tivesse havido alguma
atenção para verificar o problema apontado pelos consumidores, o drama
teria sido evitado. A Cagece promete indenização. Que seja exemplar,
para compensar o dano material e moral, além do risco a que foram
submetidos. Mais que isso, que os responsáveis pela negligência sejam
punidos com rigor. E que a companhia reformule seus processos de
atendimento às reclamações. O descaso, como se vê, pode sair muito caro.
Já imaginaram quais seriam os comentários no Twitter e no Facebook de expoentes do Estado caso a Cagece fosse empresa municipal?
No
entanto, a Prefeitura também tem sua parcela de responsabilidade, e ela
é grande. Embora controlada pelo Estado, a Cagece presta serviço como
concessionária ao Município. É Fortaleza quem contrata e, portanto, deve
satisfação.
O ALÍVIO E O EXEMPLO QUE O METROFOR REPRESENTA
A
inauguração de um trecho que seja do Metrofor representa enorme alívio.
O metrô virou motivo de chacota. O início experimental das operações é
um alento, embora o histórico não autorize celebrações mais efusivas.
Trata-se de contundente exemplo de como uma obra não deve ser feita.
Mesmo descontada a inflação dos últimos 13 anos - que já não foi pouca
coisa - houve aumento de mais de R$ 200 milhões no custo previsto para o
trecho entre Pacatuba e o Centro de Fortaleza. O Tribunal de Contas da
União (TCU) chegou a apontar superfaturamento. Mas, pelo menos, o metrô
começa a deixar de ser uma miragem e uma assombração para os governos
que se sucedem.
Como O POVO mostrou
ontem, a obra chega numa cidade muito diferente daquela para a qual foi
projetada. Ainda assim, pode ter impacto significativo. Irá tirar poucos
carros da rua - preocupação maior da classe média. Mas terá papel mais
nobre, pois atenderá o maior corredor por onde se deslocam trabalhadores
da Região Metropolitana de Fortaleza. Sobretudo a parcela mais pobre.
ABSURDO SUPRAPARTIDÁRIO
O
Metrofor atravessou as administrações estaduais de PSDB e PSB. No
âmbito federal, teve as mãos de tucanos e de petistas. Ninguém tem
direito de cantar de galo, embora os tucanos sejam sempre apontados como
responsáveis maiores - lá com sua razão, até por serem pais dessa
“criança” já quase senil. Mas foi Cid Gomes (PSB) o governador que
passou mais tempo com a obra nas mãos. Justiça se faça, foi também o
período em que mais os trabalhos avançaram. Não que seja necessária
muita coisa para isso. E Lula foi o presidente durante a maior parte das
obras.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo
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