O Corinthians arrastou sua torcida ao Japão, deu uma aula de futebol aos ingleses do Chelsea e fez ecoar seu hino por todo o planeta. Pela segunda vez, ganha o mundo. Pela primeira vez, depois de atravessá-lo.
Com o triunfo, Timão interrompe um jejum de cinco anos de títulos europeus Fotos: Reuters
Cinco anos após cair para Série B no Brasil, o time do povo, do Parque São Jorge, de Itaquera, do Tatuapé e do Pacaembu, alcança o topo.
Aos 23 minutos do segundo tempo, peruano Paolo Guerrero fez de cabeça o gol que explodiu o Japão em uma festa que deixou estarrecida até a Fifa.
Cássio, o grandalhão de 1,95 m que começou o ano como reserva, foi eleito o melhor atleta do Mundial de Clubes graças a defesas milagrosas.
O Corinthians interrompeu um ciclo de cinco anos consecutivos de títulos europeus.
E o fez jogando de igual para a igual com uma equipe galáctica, recheada de astros, bancada por um bilionário.
A terceira invasão corintiana termina em festa como as outras duas, no Campeonato Brasileiro de 1976 e no Mundial de 2000, ambas no Maracanã.
O estádio japonês parecia o Pacaembu neste domingo, de tantos e tão barulhentos que eram os corintianos.
Chutes e palpites não faltam, 15 mil, 20 mil, 30 mil. O presidente Mário Gobbi falou em 50 mil pessoas. A única certeza: jamais um time levou tanta gente para tão longe.
Em volta de todo o estádio, todo mesmo, havia faixas de todas as partes do Brasil e do mundo. Maioria, a torcida do Corinthians viu de perto o gol que será revisto para sempre, um tento ao estilo Basílio na final do Paulista de 1977, chorado, espirrado, de rebote, na mesma trave em que Ronaldo acabou com a Alemanha na Copa de 2002.
Semelhanças
Danilo acabava de ganhar o mundo pela segunda vez e caminhava pelo corredor como se tivesse acabado de jogar uma pelada.
"É bom, né? Na vida é bom ganhar, ser campeão", disse o mineiro de 33 anos, campeão mundial pelo São Paulo em 2005. Ele vê semelhanças nos dois títulos. A principal delas, justamente no homem do gol.
"Foi igualzinho ao Rogério em 2005 (também premiado na decisão). Naquele jogo, ele pegou tudo. Não sei quem falou disso antes do jogo. ´Tem que pegar igual ao Rogério pegou´. Eu brinquei: ´tomara que você (Cássio) pegue igual mesmo´", contou Danilo.
Eles voltam nesta segunda com a taça. Para os corintianos, o mundo já pode acabar: nos braços do povo e de seu time.
Após o jogo, uma das primeiras perguntas da entrevista coletiva com Tite foi se ele, pela sequência de títulos no Corinthians, já se considerava o maior treinador da história do clube. "Não, não sou o maior. Sei do meu valor, do meu trabalho, mas sei de toda uma diretoria que está por trás", disse. "Quero agradecer ao Andrés (Sanchez), ao (Mário) Gobbi, a eles dou meu agradecimento. Técnico é sempre uma vidraça, mas a médio e longo prazo a gente muda isso. Eles acreditaram em mim".
Tite se referia ainda à eliminação diante do Tolima em 2011, quando sua cabeça esteve por um fio. Dali em diante a história é conhecida. Ele montou um time campeão brasileiro, alcançou um título dificílimo da Copa Libertadores e impôs uma derrota tática ao técnico rival de ontem Rafa Benítez.
Cássio é eleito o melhor do Mundial
O goleiro Cássio foi eleito o melhor jogador do Mundial de Clubes depois das inúmeras defesas na final contra o Chelsea, na manhã de ontem, em Yokohama, no Japão, e igualou o feito de Rogério Ceni em 2005.
Goleiro corintiano fez, pelo menos, três defesas difíceis. Duas, no primeiro tempo, evitaram que o Chelsea saísse na frente. A outra, na etapa final, evitou o empate
O atleta do São Paulo era até então o único goleiro eleito o melhor do Mundial desde que o torneio passou a ser reconhecido pela Fifa, em 2000.
Além de ganhar o prêmio máximo da competição, Cássio foi eleito também o melhor jogador da final. "Valeu nosso empenho. Tivemos um planejamento bem feito até a final e eu fiz minha parte", disse o goleiro, em entrevista à TV Globo.
O goleiro fez seis defesas, com destaque para três. Duas foram no primeiro tempo: uma logo no começo da partida, após conclusão do zagueiro Cahill, e outra num chute de Moses, eleita pelo corintiano como a defesa mais difícil no jogo. "Não vi a bola quando ela saiu do pé dele. Isto sempre dificulta mais", disse, em entrevista ao SporTV.
No fim do jogo, o goleiro salvou o Corinthians num chute do atacante Fernando Torres.
Título coloca Brasil como recordista em taças
O Corinthians conquistou ontem o Mundial de Clubes pela segunda vez na história e, de quebra, colocou o Brasil em um posto superior na história do futebol. Com a taça corintiana, o país passa a ser o recordista em títulos intercontinentais.
O Brasil soma dez títulos contra nove de Argentina e Itália. Espanha e Uruguai aparecem em seguida, com seis conquistas. Alemanha e Holanda têm três títulos cada. Inglaterra e Portugal, com duas taças, e a antiga Iugoslávia e o Paraguai, com uma cada, fecham a lista dos países já laureados.
O Brasil detém ainda outro recorde. É o país com maior variedade de títulos conquistados por clubes.
Ao todo, seis equipes nacionais já triunfaram mundialmente. Casos dos times do São Paulo (1992, 1993 e 2005), do Corinthians (2000 e 2012), do Santos (1962 e 1963), do Flamengo (1981), do Grêmio (1983) e do Internacional (2006).
O título corintiano ainda quebrou um tabu para a América do Sul. Desde 2006, uma equipe do continente não era campeão.
Peruano vira novo "xodó" da Fiel
O atacante peruano Guerrero foi o herói do Corinthians na final do Mundial de Clubes contra o Chelsea ao marcar o gol que garantiu o título do clube paulista.
Guerrero, contratado por R$ 7,5 milhões, marcou os dois gols (ambos de cabeça) do Corinthians no Mundial. Antes, já havia feito na semifinal, contra o Al Ahly
Após o apito final, o jogador afirmou ter sonhado com a conquista. "Eu sonhei com isso, um atacante tem que sonhar com isso, sonhei em fazer o gol e ganhar o título", disse Guerrero.
"É incrível. Esse título é para eles [os torcedores] , eles merecem. É um bando de loucos, está todo mundo louco", disse.
Guerrero, contratado por R$ 7,5 milhões, marcou os dois gols _ ambos de cabeça _ do Corinthians no Mundial _ já havia feito na semifinal, contra o Al Ahly.
O atacante sofreu um estiramento de ligamento no joelho direito na última rodada do Brasileirão. O tempo médio de recuperação de uma lesão desse tipo varia de 15 a 20 dias, o que o deixaria fora do Mundial. "Tive muito medo quando me contundi", revelou. "Graças a Deus pude me recuperar e chegar em boas condições os dois jogos. Não queria perdê-los por nada no mundo", lembrou.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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