Brasília Seguindo uma orientação da própria presidente Dilma Rousseff de uma defesa "veemente" do ex-presidente Lula, ministros e governadores reagiram às acusações de Marcos Valério dadas à Procuradoria-Geral da República. O mineiro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a pouco mais de 40 anos de prisão. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), amigo e ex-chefe de gabinete do petista, afirmou que Lula não teme os desdobramentos das acusações, mas está "profundamente indignado".
O ministro, que foi chefe de gabinete do ex-presidente, disse que Lula está "profundamente indignado" com as declarações de Valério FOTO: AGÊNCIA BRASIL
"Ele (Lula) está sem nenhum medo, apenas profundamente indignado com a atitude desse senhor e impressionado da credibilidade que, de repente, esse que era uma espécie de fábrica de males passa a ser agora tido agora como legitimo e digno acusador. Nós sabemos que não é, infelizmente não é", disse.
FHC e Gurgel
Numa clara retaliação aos partidos de oposição, que tentam ouvir Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência, em São Paulo, e Marcos Valério, o líder do PT, Jilmar Tatto (SP), e o senador Fernando Collor (PTB-AL), fizeram uma dobradinha e aprovaram convite para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o procurador-geral da República Roberto Gurgel compareçam ao Congresso.
"Se eles querem guerra, vão ter", disse Tatto na saída da reunião da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, onde foram aprovados os requerimentos.
Antes, os partidos da base aliada haviam conseguido adiar a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, de requerimento de convite para que Valério esclareça o depoimento prestado em 24 de setembro, no qual afirmou que Lula teve contas pessoais pagas pelo esquema do mensalão.
Além disso, Valério afirmou que dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, um "pedágio" às agências de publicidade que prestavam serviços para a instituição financeira: 2% de todos os contratos eram enviados ao caixa do PT. Trechos do depoimento foram publicados no O Estado de S. Paulo.
O requerimento de Tatto pede que Lula explique "as informações contraditórias sobre documento relativo a doações a agentes políticos" que teriam sido feitas pela empresa Furnas Centrais Elétricas.
O convite a Gurgel é de autoria de Collor e quer que Gurgel dê explicações sobre o uso de meios de inteligência nas operações Vegas e Monte Carlo, sobre o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Cid Gomes considera as denúncias ´um absurdo´
Brasília. Representantes do PSB, DEM e PPS protocolaram requerimento à Procuradoria Geral da República solicitando a investigação do caso. Enquanto a oposição pede a apuração das denúncias de Marcos Valério contra o ex-presidente Lula (2003-2010), o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que se encontrava ontem em Brasília, qualificou como absurda a acusação contra o ex-presidente, com quem conversou ainda ontem.
"Eu acho um absurdo, realmente um absurdo. Eu tive até uma queixa do Lula agora. Mas que país é este? Nós tivemos um presidente da República que saiu com 90% de aprovação e a palavra de um desqualificado é repercutida neste nível? Sinceramente está muito errada esta coisa. Muito errada!", afirmou o governador Cid Gomes.
Durante a campanha para a prefeitura de Fortaleza, Lula veio à cidade para fazer campanha para Elmano de Freitas (PT), candidato petista, o que gerou estremecimento com os irmãos Ferreira Gomes, que apoiavam o então candidato Roberto Claudio, que foi eleito.
O governador também chamou Valério de "pilantra" e de "notório marginal" e questionou que o publicitário possa colocar em dúvida a imagem de Lula. Para Cid, o petista é o maior presidente da história recente do país. "A batalha política tem limite", disse.
"É um despropósito, uma forçação de barra querem investigar o ex-presidente Lula", disse ontem o vice-líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Sem provas, não há validade, diz Cardozo
Brasília. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse ontem que o depoimento prestado pelo empresário Marcos Valério, vinculando o ex-presidente Lula ao esquema do mensalão, não tem validade sem a apresentação de provas.
"Um depoimento que é apresentado sem provas, por uma pessoa que estava envolvida em práticas criminosas, não tem significado jurídico. A menos que obviamente se mostre que o que ele falou é verdadeiro", disse. "Mas parece que não foram juntadas provas que minimamente pudessem dar credibilidade ao depoimento", completou.
No fim de setembro, Valério afirmou ao Ministério Público, após ter sido condenado pelo STF, que o esquema pagou despesas pessoais de Lula, segundo informações reveladas terça-feira pelo "O Estado de São Paulo". Também disse que o ex-presidente teria autorizado empréstimos considerados ilícitos pelo STF.
"Lula é um guerreiro, um lutador. A população não vai deixar de reconhecer seu papel na história. Ele mudou a história do país", disse.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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