A posse da Executiva Estadual do PT em São Paulo nesta segunda-feira (16) foi marcada por um racha entre a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) e o PT de Lutas e Massas (PTLM), que entregou os cargos que tinha direito na composição do novo colegiado petista.
 
Segundo representantes do PTLM, o acordo inicial que deu origem à chapa única para eleger Emídio de Souza novo presidente estadual da legenda dava direito à corrente quatro cargos no diretório estadual e outras três cadeiras na executiva política. 
 
Na hora da posse, contudo, membros da CNB quiseram reduzir a participação da PTLM nos cargos decisórios, levando os membros da corrente a entregarem todos os cargos a que tinha direito. 
 
“Nós não abrimos mão dos sete cargos que foi acordado no acordo para eleição do presidente. A gente até aceita ter duas secretarias na executiva, mas desde que a diferença seja compensada na composição do diretório”, diz Gerson Bittencourt, deputado estadual do PT em SP e membro da corrente PT de Lutas e Massas.
 
O racha expõe uma briga no partido por espaço na campanha de Alexandre Padilha, que é ministro da Saúde e deve disputar a sucessão de Alckmin em SP no ano que vem. Os membros da PTLM, composto majoritariamente por membros da família Tatto e da família Moura, dizem que foram “traídos” e que a CNB quer controlar sozinha a sucessão em São Paulo. 
 
 O deputado Gerson Bittencourt nega haver mal estar entre o novo presidente e o PTLM. Mas admite que outras disputas por poder dentro da composição da executiva estadual podem estar em curso.  
“Nós não engrossamos esse coro de descontentamento. Até aqui conseguimos dois bons cargos dentro da executiva, como a Secretaria de Mobilização. Só queremos que a totalidade dos nossos cargos seja atendida. Assim como a gente, outras correntes podem estar com a mesma demanda dentro do partido”, relata Bittencourt. 
 
A corrente PTLM é a segunda maior no PT de São Paulo. A costura do acordo com a CNB para levar Emídio à direção estadual foi acompanhada de perto pelo ex-presidente Lula e teve a participação de Luís Marinho, prefeito de São Bernardo, e Vicente Cândido, deputado federal. 
 
Além do PTLM, a dissidência da CNB, auto intitulada Articulação Unidade na Luta, também anda com a relação bastante estremecida com Emídio. Na avaliação de membros desse grupo, nem começou de fato na direção do PT e Emídio já mostra sinais de centralização e personalismo na direção do partido no Estado. Eles acusam o novo presidente do PT de São Paulo de colocar apenas homens de sua confiança nas pastas decisórias da legenda, deixando as outras forças políticas de lado. 
 
Um dos membros da corrente Unidade na Luta cita um quadro do próprio Emídio, posto na sala da direção estadual, ao lado da imagem da presidente Dilma e do presidente Lula: “O sujeito já tem fama de trator e personalista. Aí ele coloca um quadro dele mesmo que é três vezes maior que a principal figura do partido e do país, a presidente Dilma. Não dá pra esperar boa coisa na campanha do ano que vem da parte dele”, desabafa o petista, sob promessa de sigilo. Na composição da executiva, a Articulação Unidade na Luta ficou com a Secretaria de Movimentos Sociais apenas. 
 
A briga interna no PT já é um sinal de que a campanha de Alexandre Padilha não deve ser nada tranqüila. Os petistas fora da corrente CNB dizem que Emídio está aparelhando os cargos da executiva e do diretório, com objetivo de controlar as finanças e as decisões políticas da campanha.
 
Procurado, o novo presidente do PT em São Paulo não foi encontrado.