domingo, 26 de janeiro de 2014

Análise de cenários - Dilma, Aécio, Eduardo e a ´gestação´ eleitoral nos principais estados

Faltam exatamente nove meses do dia de hoje para o dia 26 de outubro, quando termina o 2º turno das eleições no Brasil e não só o cenário político nacional dos próximos 4 anos, como o de todos os estados, será conhecido. Nesse período intermediário, o que vai acontecer é uma espécie de "gestação" do que será esse novo mapa político, que inclui alianças, rompimentos, corridas contra o relógio, campanhas nas ruas e nos meios de comunicação e até uma Copa do Mundo de Futebol.

A atual presidente, o senador mineiro e o governador de Pernambuco batalham por boas alianças estaduais até os últimos dias que antecedem o prazo final para o registro de candidaturas em 12 de julho Fotos: reuters, agência senado e divulgação

Mas se em algumas unidades da Federação já é possível antever o que vai ser gerado em outubro, em outros estados o quadro é completamente imprevisível e pode impactar não só a campanha dos principais pré-candidatos à Presidência da República, mas também a governabilidade no pós-2014.

Sabendo disso, a atual presidente Dilma Rousseff (PT), o senador mineiro, Aécio Neves (PSDB), e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), agora com o reforço de Marina Silva e sua Rede Sustentabilidade, batalham por boas alianças nos estados até os últimos dias que antecedem o prazo final para o registro de candidaturas, em 12 de julho.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, será o grande cabo eleitoral de Aécio Neves. Em contraposição a ele, o PT, que nunca venceu uma eleição para governador no Estado, articulou o nome do ainda ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Outros prováveis candidatos no estado são Gilberto Kassab (PSD) e Paulo Skaf (PMDB), além do Major Olímpio Gomes (PDT), os três de partidos da base dilmista. Eduardo Campos, por sua vez, poderia ter o eventual apoio de Soninha Francine (PPS).

Outro reduto tucano, Minas Gerais é um dos poucos estados onde a oposição é que pode ter dificuldades de emplacar uma candidatura única. Márcio Lacerda (PSB) poderia puxar votos para Campos, seu companheiro de sigla, mas com a rejeição de integrantes da Rede ao seu nome, poderia também ter o apoio informal de Aécio, que, por outro lado, pode viabilizar a candidatura do correligionário Pimenta da Veiga. O PT mineiro aposta as fichas em Fernando Pimentel.

No Rio de Janeiro, o cenário é inverso. A base aliada no plano federal - e até poucos meses no estadual - rompeu e agora Luiz Fernando Pezão (PMDB), com o apoio do desgastado governador Sérgio Cabral, deve enfrentar o petista Lindbergh Farias. Há, ainda, a possibilidade das candidaturas de Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Miro Teixeira (Pros). O caso mais curioso é o de Teixeira, que era um dos principais aliados de Marina, mas que deixou o PDT após o fracasso na tentativa de obtenção do registro da Rede, e agora está em um partido da base de Dilma.

No Rio Grande do Sul, às voltas com a Justiça, o governador Tarso Genro (PT) tenta a reeleição, mas pode enfrentar o ex-aliado Vieira da Cunha (PDT), além de Ana Amélia Lemos (PP) e do peemedebista José Ivo Sartori, que pode fechar aliança com o PPS e/ou com o PSDB.

No Paraná, o tucano Beto Richa (PSDB) tentará a reeleição e é outro forte cabo eleitoral de Aécio. Para fazer frente ao PSDB, Dilma escalou a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman (PT). Roberto Requião (PMDB) é outro forte nome a candidato e não se pode menosprezar a força dos pré-candidatos Joel Malucelli (PSD) e Ratinho Júnior (PSC).

Por fim, no maior reduto socialista, o estado de Pernambuco, ainda não há uma definição de quem sucederá Eduardo Campos na chapa do PSB. O favorito do governador é Tadeu Alencar, João Paulo (PT) pode ser o nome de Dilma, mas o petebista Armando Monteiro Neto também aparece com força entre os aliados da presidente. Por fim, Júlio Lóssio pode concorrer pelo PMDB de Jarbas Vasconcelos.

São Paulo e Minas têm maior peso
Alckmin será o maior cabo eleitoral do PSDB nacional, que aposta boa parte de suas fichas em SP Foto: agência brasil

Segundo o cientista político Valmir Lopes, os colégios eleitorais com maior peso para decidir as eleições presidenciais continuam sendo São Paulo e Minas Gerais, mesmo que nos últimos 12 anos, pelo menos, tenha havido uma grande dissociação entre os governadores eleitos nos dois estados e o candidato eleito para governar o País.

"Para a oposição ao governo Dilma, por exemplo, é fundamental tirar a diferença de votos que a presidente terá no Nordeste e em outras regiões em São Paulo e Minas Gerais", afirmou Lopes. "Além disso, tanto Aécio Neves vai torcer pro Eduardo Campos ter uma boa votação, quanto o contrário, para forçar um segundo turno", acrescenta. A importância do poder de transferência de votos dos candidatos paulistas e mineiros também é destacada pelo doutor em História, Rui Martinho Rodrigues.

"Minas oferece muitas dificuldades para a base de Dilma. São Paulo também tem um quadro complexo. O governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin dará obviamente palanque a Aécio, Padilha a Dilma, mas ainda não está claro o papel que o Kassab e o Skaf terão caso confirmem suas candidaturas. Deve ser uma campanha muito dura", analisou o historiador político.

Dificuldades para o Planalto

Contudo Martinho também vê obstáculo ao Planalto nas alianças em estados como Rio de Janeiro, Paraná, Amazonas e Rio Grande do Sul.

"A grande dificuldade está em costurar alianças entre PT e PMDB. No Rio, os dois partidos romperam, no Rio Grande do Sul não se entendem e há dificuldades também no Paraná de Requião e Gleisi e no Amazonas de Braga", acrescentou.

Perfil conservador ajuda reeleições
O presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli, aposta no que ele considera um perfil conservador do eleitorado brasileiro, tanto no que diz respeito à eleição dos governadores, quanto na eleição para presidente. "O eleitor raramente arrisca uma nova possibilidade e isso favorece a Dilma e os atuais governadores, bem como os candidatos apoiados por eles", avaliou. "Principalmente, após o advento da reeleição, as campanhas ganharam um viés plebiscitário. Se está bom fica, se está ruim tira. A oposição deve permanecer com São Paulo e Minas, mas a presidente deve conseguir a reeleição. Por outro lado, todo modelo de governar atinge um período de desgaste e isso somado a um relativo crescimento do número de governadores da oposição pode vir com mais força em 2018", projetou.

Poder da economia

Mesmo sem grandes apostas de mudanças para o cenário em 2014, Manhanelli afirma que o grande fator para decidir as eleições é a economia. "Estabilidade econômica quase sempre implica em estabilidade política e isso deve ser decisivo", disse. Ele também minimizou impactos na governabilidade, caso haja divergência entre o candidato eleito presidente e a distribuição político-partidária que surja a partir da eleição dos novos governadores. "Os estados são muito dependentes e ficam muito subordinados à União", ressaltou.

Palanques favorecem Dilma no CE
Com um dos quadros mais indefinidos no País, a campanha no Ceará deve favorecer, independente da configuração final, a tentativa de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Além do PT, o Pros do governador Cid Gomes vai apoiar a petista seja qual for o candidato escolhido. O PMDB estadual, ainda que venha a abandonar a base cidista, não dará palanque a Aécio Neves e Eduardo Campos. Para Rui Martinho, "é muito difícil imaginar Eunício rompendo com Brasília, o Roberto Pessoa eventualmente poderia até apoiar o Eduardo Campos e o PSDB não parece ter um leque de opções para dar palanque a Aécio. O cenário atual é de até três palanques para Dilma", analisa.


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Postada:Gomes Silveira
Edição:Ingrid Lima
Fonte:DN

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