A vitória do petista Camilo Santana (PT) para governar o Ceará continua
sendo motivo de pronunciamentos na Assembleia Legislativa. Na sessão de
ontem, oposicionistas do Governo Cid Gomes defenderam que o governador
eleito tenha mais diálogo com a sociedade, o que dizem, não aconteceu na
atual gestão.
Para Roberto Mesquita (PV), os cearenses esperam que todas as atenções
do governador eleito sejam direcionadas para o bem da população, e não
somente para aqueles que o elegeram. "Que ele consiga aprimorar o
Governo que foi aceito pela maioria da população, mas que também foi
negado pela metade da população", disse. Segundo ele, metade dos
cearenses não teria votado em Camilo por conta da falta de diálogo do
atual Governo.
"Ao desejar sucesso ao novo governador, espero que as pessoas possam
celebrar esse momento, que foi o mais rico desde a redemocratização",
afirmou. Mesquita ressaltou ainda que durante a disputa eleitoral houve
aparelhamentos e exigência de que funcionários públicos se
transformassem em militantes e cabo eleitorais.
"Temos que viver em uma democracia onde um Governo escute aqueles que
lhes fazem críticas. Quase metade da população não acatou o Governo
feito pelo governador Cid. Nós votamos, praticamente, todas as matérias
do Governo, mas ele foi pouco acessível, e chega, em muitos casos, a ser
perseguidor", apontou.
Pesquisas
Segundo João Jaime (DEM), nos lugares em que a máquina influenciou mais
o governador eleito, Camilo Santana, teve mais votos. "O fortalezense
por uma maioria de mais de 160 mil votos disse não a essa administração,
a forma como vem administrando. E disse não ao prefeito de Fortaleza",
apontou.
Roberto Mesquita também elogiou o peemedebista pelo trabalho feito nas
campanhas, destacando que as pesquisas eleitorais influenciaram na
eleição de Camilo Santana, uma vez que uma amostragem antes do pleito
mostrava o petista à frente do peemedebista em até 14%. "Nós devemos
questionar essas pesquisas que desvirtuam os pleitos", disse.
Heitor Férrer (PDT), por sua vez, disse que o Governo do Estado tem as
eleições deste ano como aprendizado, visto que, em sua opinião, ficou
claro que, dentro dos acertos e erros, houve uma divisão do Ceará, entre
apoiadores de Camilo e de Eunício Oliveira.
Sobrou amadorismo e muita falácia
As primeiras avaliações de aliados, passados os momentos de emoção com o
resultado oficial do segundo turno, responsabilizam, em parte, a
coordenação da campanha do candidato do PMDB, pelo insucesso eleitoral.
Eunício Oliveira não saiu derrotado logo no primeiro turno da disputa
graça ao prestígio emprestado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB) à sua
pretensão de ser governador. O peemedebista, em nenhum momento da
campanha transmitiu confiança ao eleitorado. Fez um discurso de oposição
sendo, de fato, governista aguerrido em todos os dois mandatos de Cid
Gomes, até ouvir deste, que não apoiaria a sua pretensão de o suceder.
De fã virou acusador, agredindo a inteligência de alguns eleitores.
Não dava para acreditar no seu discurso de desconstrução do atual
Governo. De igual modo, sua dubiedade em relação à disputa presidencial,
também o fragilizou. Forçar o eleitor a acreditar numa ligação íntima
dele com o ex-presidente Lula, antes de ajudá-lo, prejudicou.
Aparecer na televisão fazendo continência para o Lula, além de passar
uma falsa intimidade, apenas com o fito de ganhar votos, o fragilizou
mais ainda. Quem quer ser governador do Ceará só deve bater continência
para o povo cearense. O eleitor quer ser representado por quem é forte.
Nunca por quem dê sinais de subserviência.
Eunício errou a partir do momento de romper com o governador. Nunca,
qualquer pessoa com o mínimo de relação com o ambiente político local
acreditou num apoio de Cid à sua obsessão de ser governador. Ele, já em
2013, quando começou a fazer comícios no Interior, utilizando-se da
fantasia de encontro partidário, deveria ter rompido e buscado outras
alianças. Por não tê-lo feito passou a ideia de frouxidão e acabou
saindo muito caro a coligação que acertou.
Campanha majoritária reclama mais que apenas muito dinheiro. Para se
eleger prefeito, governador ou presidente, diferentemente da disputa
proporcional, o postulante precisa, além de ter o bolso cheio,
transmitir segurança ao eleitor de estar capacitado para a empreitada e
contar com uma assessoria capaz. O amadorismo é a via larga por onde o
candidato caminha em direção à derrota. Na política, também, o
profissionalismo, a inteligência, a disciplina e a boa informação a
orientar o comitê, são alguns dos elementos imprescindíveis.
Eunício saiu do primeiro turno da disputa com um percentual pouco
superior a 46% dos votos. Considerando o desgaste dos oito anos do
Governo Cid Gomes, acrescido do natural movimento oposicionista a
qualquer grupo de situação, calculado em aproximadamente 30% do
eleitorado, muito pouco o peemedebista agregou como aquilo que
poder-se-ia dizer ser fruto da sua liderança.
POSTADA;GOMES SILVEIRA
FONTE;DN
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