Brasília. Em meio a novos focos de tensão dentro da
base aliada, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador do Ceará,
Cid Gomes (PROS), discutiram ontem a criação de uma frente de esquerda
que, segundo o próprio governador, pode ajudar o Palácio do Planalto a
deixar de ser refém do PMDB.
"Nesses dois meses (de fim de mandato no governo do Ceará) desejo
cumprir uma tarefa de ajudá-la e ajudar o governo numa diretriz de
atenuar as chantagens, as ameaças, as pressões", disse Cid, acompanhado
do seu sucessor, Camilo Santana (PT).
"Eu penso que esse movimento ajuda - não vou 'titularizar', não vou
nomear ninguém - mas esse movimento tem uma frente ou um partido de
centro para além do PMDB, e um partido ou frente à esquerda, isso ajuda
na governabilidade e reduz aí o espaço da pressão que muitas vezes beira
até a chantagem", avaliou o governador.
Segundo Cid, foi discutida com a presidente a criação de uma frente de
esquerda que pode evoluir na criação de um partido novo ou na fusão de
siglas já existentes.
"Isso vai ser discutido, até para que a gente aprimore e veja a melhor
estratégia. Mas o ideal para mim seria a gente compor inicialmente uma
frente que possa evoluir na sequência para um partido novo, que resulte
da fusão de alguns partidos também", afirmou. Na avaliação dele, há
pessoas insatisfeitas nos partidos que se situam no arco de esquerda,
como o PSB e o PSOL. Para Cid Gomes, o ideal seria conseguir reunir pelo
menos 50 deputados nessa frente.
Refém do PMDB
Questionado se esse movimento poderia ajudar Dilma a deixar de ser
refém do PMDB, o governador reconheceu: "Eu penso que sim. Você
constitui um partido com 10% da Câmara, eu acho que hoje três (partidos)
têm (mais de 50 deputados), só o PT, PMDB e PSDB".
De acordo com o governador, todos os partidos que militam à esquerda
poderiam participar dessa frente. "A fusão de partidos assegura
obviamente que, no novo partido, todos aqueles que pertencem aos
originais não percam o seu mandato. E a criação de um novo partido
permite que você traga gente de outros", comentou Cid Gomes. "Vou a
partir de hoje começar a conversar com objetividade".
Indagado sobre a opinião da presidente sobre seus planos, Cid
desconversou. "Não vou manifestar qual foi a receptividade da
presidente. Estaria cometendo uma indelicadeza", disse.
Resposta de Temer
Já o vice-presidente Michel Temer (PMDB) disse que o PMDB garantiu
"governabilidade absoluta" para a presidente e seguirá dando força ao
trabalho da petista. "Não somos aliados como o governador Cid. Somos
governo. O governo elegeu o presidente e o vice-presidente. Nós somos
governo", rebateu, após reunião com deputados eleitos.
"O PMDB deu a governabilidade absoluta à presidente Dilma, como deu no
passado a vários outros governos. Nós não tivemos uma falha sequer com o
governo da presidente Dilma. Não há nenhum projeto governamental que
não tenha sido aprovado pela força política do PMDB. O PMDB continuará
dando essa força", disse o vice.
POSTADA;GOMES SILVEIRA
FONTE;DN
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