A sensação é de desalinhamento entre as lideranças, o que amplia as incertezas entre os governistas
Coincidência ou não, à medida em que se aproximam as eleições municipais, aumenta o clima de insatisfação e disputa entre partidos que compõem a base aliada. Seja em nível nacional ou local, a sensação é de desalinhamento entre muitas lideranças, o que reflete um clima de incertezas dentro dos blocos governistas. Isso porque, enquanto os discursos de unidade são constantes nas falas de algumas agremiações, em outras é nítido o descontentamento.
Coincidência ou não, à medida em que se aproximam as eleições municipais, aumenta o clima de insatisfação e disputa entre partidos que compõem a base aliada. Seja em nível nacional ou local, a sensação é de desalinhamento entre muitas lideranças, o que reflete um clima de incertezas dentro dos blocos governistas. Isso porque, enquanto os discursos de unidade são constantes nas falas de algumas agremiações, em outras é nítido o descontentamento.
Nos últimos dias, foi o partido do vice-presidente da República, Michel Temer, o PMDB, quem voltou a protagonizar uma série de reclamações contra o tratamento recebido, desde o início do Governo Dilma Rousseff. Parlamentares da legenda chegaram a elaborar uma carta com as razões de suas insatisfações, motivadas pela recorrente disputa com o PT de Dilma Rousseff no comando do Executivo.
O senador Eunício Oliveira, principal dirigente do PMDB no Ceará, vê com naturalidade essas disputas e lembra que isso ocorre porque o pleito está se aproximando e os parlamentares são mais pressionados em suas bases eleitorais. Entretanto, ele restringe o movimento a alguns deputados da Câmara Federal e garante que esses protestos nada têm a ver com a posição oficial da Executiva do PMDB.
Protestos
Eunício disse ainda que o Senado não incorporou esses protestos e que ele mesmo está muito satisfeito com a gestão de Dilma. "Quando a Dilma vem aqui e coloca R$ 2 bilhões para melhorar a qualidade da vida do povo do meu estado e para que o governador Cid Gomes possa melhorar a gestão, eu me sinto contemplado nesse projeto", ressaltou ao defender a gestão petista.
No Ceará, o cenário não muda tanto, pois, além das reclamações de filiados do PMDB quanto ao tratamento recebido pela prefeita Luizianne, PSB e PT não conseguem convencer a todas as suas lideranças sobre a aliança.
Semelhante ao que vem declarando o governador Cid Gomes (PSB) nos últimos meses, o presidente do PSB Fortaleza, Karlo Kardoso, prefere não falar em divergências dentro da aliança, afirma apenas que a postura de seu partido tem sido a de discutir uma proposta para ser trabalhada dentro do bloco governista.
Interna
Em contrapartida, o ex-ministro Ciro Gomes repete constantemente que o PSB precisa ter um candidato. Enquanto isso, no PT, a disputa é interna. O PCdoB também se articula para lançar candidato e lideranças da Capital reclamam constantemente da postura do PT e na demora em apresentar um nome para iniciar as negociações.
Já o deputado federal Artur Bruno (PT) chama de normal essas disputas dentro do Partidos do Trabalhadores, pois lembra que essa é uma maneira democrática de a legenda discutir um nome, ouvindo os filiados e lideranças políticas.
Diante desses cenários, o cientista político da Universidade Federal do Ceará (UFC), Josênio Parente, falou sobre um "sistema presidencialista de colisão", que segundo ele existe no Brasil, e admitiu que as disputas nacionais acabam interferindo no clima político do Ceará. Ele ressaltou a influência da proximidade da eleição, mas adiantou: não há sinal de que esses embates na base favorecem a oposição.
Eleitorado
Divergências de números no Ceará
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não atualizou os dados dos eleitores referentes ao mês de fevereiro. A atualização é feita mensalmente, mas consulta realizada ontem no sítio do TSE na Internet permaneciam informações referentes a janeiro. Em relação ao Estado do Ceará algumas informações apresentam inconsistência, se comparadas aos números apresentados pelo Tribunal Regional Eleitoral que faz a atualização do eleitorado, por município, diariamente.
As informações do TRE indicam que o Ceará conta com 5.999.297 eleitores, conforme arquivo gerado no dia 10 de março de 2012. Os dados do TSE, relativos ao mês de janeiro deste ano, apontam para um eleitorado de 5.920.205 eleitores, sendo a diferença de 79.092 eleitores no espaço de apenas um mês.
Quando o TSE apresentar o eleitorado atualizado até fevereiro, será menor que o atual, fornecido pelo TRE, porque não serão levados em consideração os 10 dias de março contabilizados pelo TRE e também porque serão excluídas as transferências de eleitores cearenses para outros Estados, pois o cruzamento das informações sobre transferência é processado pelo TSE.
Números
Mesmo assim, os números apresentados pelo TSE levam a crer na existência de erros em função da grande diferença existente entre os dados do TSE e do TRE. Na consulta ao quantitativo de eleitores fornecida pelo TSE consta que o Município de Reriutaba é o que tem menor número de eleitores no Estado, com apenas 1.626 inscritos. Na realidade, nenhum município do Ceará tem essa quantidade de eleitores e as informações do TRE asseguram que 15.597 eleitores estão aptos a votar naquele município.
Algo semelhante acontece com o município de Varjota, pois nas informações do TRE consta com 14.023 eleitores no dia 10 de março e os dados do TSE mostram que em janeiro deste ano tinha apenas 3.732 eleitores. Em Pacatuba, por exemplo, a diferença nos dados do TRE para os do TSE chega a 10.217 eleitores, enquanto que o TRE indica a existência de 41.725 eleitores o TSE registra 31.508 eleitores.
Embora em menor proporção, em relação ao Município de Tarrafas também existe diferença na quantidade de eleitores porque o TRE informa a existência de 7.126 eleitores e o TSE diz que são apenas 4.384 inscritos. Levando-se em consideração que os dados do TRE estão atualizados até 10 de março e os do TSE são de janeiro é natural a constatação de crescimento no eleitorado até porque estamos em um ano de eleições.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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