
"Conheço muitas lideranças desse país”, afirmou o depoente. “A começar
pelo ministro e deputado José Eduardo Cardozo. Sou amigo e coordenador
da campanha do doutor Henrique Meirelles, que foi deputado federal em
Goiás". Garcez também citou o ex-governador Íris Rezende (PMDB), o
senador Paulo Paim (PT-RS), o subchefe de Assuntos Federativos da
Secretaria de Relações Institucionais do governo federal, Olavo Noleto, o
prefeito de Goiânia, o petista Paulo Garcia, e o governador tucano
Marconi Perillo.
O depoimento de Garcez começou às 10h35. Ele foi o primeiro dos três convocados a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito nesta quinta-feira – e o único disposto a falar aos parlamentares.
"Sem nunca ter cometido crime algum, estou encarcerado sob alegação de
que a minha liberdade coloca em risco a ordem pública", disse Garcez no
início de sua exposição. Ele também confirmou ter prestado serviço à
construtora Delta: "Fui contratado pela empresa Delta para prestar
assessoria ao diretor regional Cláudio Abreu".
Aos parlamentares, Wladimir Garcez disse que recebia 20 000 reais
mensais da Delta e 5 000 reais mensais de Cachoeira para conseguir
informações de interesse dos patrões. “Como ex-parlamentar e
ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia, eu tinha muitos
amigos. Minha atuação era orientar e dar informações para as pessoas que
compõem vários órgãos. Foi esse o motivo que levou a Delta a me
contratar", disse.
Casa - O depoente também confirmou ter intermediado a
venda da casa do governador Marconi Perillo ao contraventor Carlinhos
Cachoeira, negociação pela qual recebeu 100 000 reais de Walter Paulo,
empresário ligado ao governador. Garcez afirma que os cheques que
permitiram a transação foram repassados por Cláudio Abreu.
Garcez disse que buscava se cacifar junto a autoridades e políticos
para agradar ao “vaidoso” chefe, Carlinhos Cachoeira, e à construtora
Delta. “Para me valorizar, sempre buscava mostrar que tinha bom
relacionamento. Muitas vezes essa intimidade de fato nem acontecia, mas
fazia para manter meus empregos”, relatou. “Para me cacifar, dizia ao
Carlinhos que tinha mais poder, mais influência. Vaidoso como sempre,
ele achava isso bom”, completou ele no depoimento.
O comparsa de Cachoeira foi levado da Casa de Prisão Provisória (CPP)
de Goiânia a Brasília na manhã desta quinta-feira. De acordo com a
defesa, foi transportado algemado no camburão policial. A mulher e três
irmãos de Garcez acompanham o depoimento.
Embora o ex-vereador tenha usado os dez minutos iniciais dos quais
dispunha antes dos questionamentos, recusou-se a responder as perguntas
dos parlamentares. Garcez informou que não comentaria o teor dos áudios
obtidos pela Polícia Federal – que, segundo o depoente, são ilegais. Ele
até admitiu a possibilidade de abrir exceções e responder a alguns
questionamentos. Mas depois voltou atrás e o comando da CPI encerrou o
depoimento.
Arapongas - Depois do depoimento de Garcez, a
presidência da comissão chamou à sala Idalberto Matias de Araújo, o
Dadá, e Jairo Martins. A dupla de arapongas adotou, entretanto, a estratégia de Carlinhos Cachoeira:
o silêncio total. O advogado dos dois argumenta que as escutas
telefônicas que flagraram a ligação de Dadá e Jairo com a quadrilha são
ilegais. Os dois foram dispensados antes de qualquer pergunta, logo após
confirmarem a disposição de não falar.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Revista Veja
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