As escolas mais bem avaliadas do Ceará estão localizadas em sítios escondidos na zona rural da cidade
Estudantes da escola Cícero Barbosa Maciel provam que ações simples, mas eficazes, podem transformar o ensino público
Quando a equipe do O POVO foi
enviada ao pé da serra de Pedra Branca,
encravada no Sertão Central
cearense, esperava encontrar na cidade a anunciação de um projeto de
educação peculiar, algo que justificasse o desempenho de duas pequenas
instituições da rede municipal de ensino no Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb).
Havia de ter algo por
trás da nota 8,1 alcançada por alunos do 1º ao 4º ano das escolas de
Ensino Infantil e Fundamental Cícero Barbosa Maciel e Sebastião
Francisco Duarte, ambas escondidas na zona rural da cidade. O
desempenho dos meninos que estudam ali lançaram as escolas à 12ª
colocação entre todas as instituições públicas de educação do País. No
Ceará, são as mais bem-avaliadas.
Diante do que O POVO encontrou
no município de 43 mil habitantes, o feito de Pedra Branca é de encher
os olhos. Tanto das centenas de crianças que atravessam estrada de
terra batida para chegar às salas de aula em caminhões pau-de-arara,
quanto das equipes de docentes que acompanham o dia-a-dia daquelas
turmas, enterradas num sertão pelado a esburacados 261 km de Fortaleza.
“O
que há de extraordinário na rotina desses meninos?”, perguntou a
repórter a professores, pais de alunos, e crianças que estudam ali. A
resposta mais objetiva parecia estar estampada em um cartaz afixado em
uma das paredes da Escola Sebastião Francisco Duarte: “Nenhum de nós é
tão inteligente quanto todos nós juntos”.
O fato é que nada
há de excepcional na rotina das quase 300 crianças matriculadas nas
duas escolas bem classificadas no Ideb. A frase do norte-americano
Warren Bennis aponta para a mais fácil conclusão: as turmas do 1º ao 4º
ano das duas instituições de ensino são bem assistidas por
professores, aprenderam a ter prazer em estudar e, com o apoio de cada
colega, nasceu um batalhão de meninos aplicados e disciplinados.
Para
as diretoras de ambas as instituições, o diferencial ali é o
acompanhamento pedagógico que é feito de modo individual. Tudo em
diálogo com os pais. A informação é tão verdade que no dia em que a
reportagem chegou ao local, deparou-se com uma reunião de pais e
mestres para que fosse anunciado o desempenho da escola no Ideb. Entre a
multidão de pais de alunos que acompanhava a reunião, ninguém sabia ao
certo do que se tratava a tal sigla, mas todos apostavam em algo
positivo.
“Tenho segurança que meu menino está sendo bem
acompanhado aqui. Quando ele chega em casa, a primeira coisa que faz é
abrir o caderno pra fazer o dever. E nem pede minha ajuda, não”,
contava orgulhosa a agricultora Maria Ivone Paes, 37, mãe de João
Alisson, alundo do 3º ano da escola Sebastião Francisco Duarte.
João
foi um daqueles que alcançou as melhores notas do Brasil. O primeiro
grande feito da vida, aos oito anos. Depois desse, o menino, como tantos
outros ali, mudou de planos. Antes, chegara a falar em “mudar de vida”
em São Paulo. Hoje, prefere se formar e ser doutor por ali mesmo, na
simpática Pedra Branca.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O
Ceará obteve um dos maiores avanços educacionais do País, além de ter
recebido a melhor avaliação do Nordeste nos quesitos do Ideb avaliados
pelo Ministério da Educação.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo
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