Clube coral, que já revelou talentos para o mundo, tenta reviver bons tempos
Às vésperas de completar 80 anos, o Ferroviário tenta se erguer de um nocaute violento, que deixou o clube sem competições oficiais, ao mesmo tempo em que tem de se equilibrar para poder chegar em 2013 com cara de clube grande novamente. "O Ferroviário estava nocauteado. Tinha ido à lona e estamos nos reerguendo", dispara o vice-presidente, Edmilson Júnior.
Há três meses o Ferroviário está com nova diretoria, embora o presidente Wanderley Pedrosa continue à frente. Entretanto, jovens dirigentes, a maioria filhos de ex-presidentes, tomaram as rédeas do clube para tentar levantar um clube tradicional, que resiste sem jogar e ainda por cima com seu estádio penhorado.
Jovens entusiastas têm se dedicado para tirar o Tubarão da Barra da crise. Houve um enxugamento da diretoria. De 42 cargos que abrigavam gente muitas vezes sem função específica, segundo ele, agora restam apenas sete. Os estatutos do clube foram modificados na semana que passou e até sócios-torcedores poderão votar. São medidas que visam tornar o clube administrável e transparente.
Crise financeira
Uma coisa puxa a outra. A crise técnica do Ferroviário chama a crise financeira. Mesmo sendo conhecido como celeiro de grandes jogadores - basta lembrar de Mirandinha, primeiro brasileiro a jogar na Inglaterra, Iarley, bicampeão do mundo, e Jardel, campeão da Libertadores, - o clube não ganha nada nas categorias de base desde 2006.
No profissional, já se vão 17 anos sem conquista. Para 2013, o Ferrão pretende valorizar as categorias de base, formando um time de baixo custo. O novo corpo diretivo do Ferrão espera conseguir ultrapassar todos esses obstáculos em um período de tempo breve. Mas não será fácil, conforme atesta Edmilson.
Dívidas grandes
Edmilson Júnior afirma que a dívida do Ferroviário chega a R$ 800 mil, somando-se tudo. Atualmente, o Estádio Elzir Cabral se encontra penhorado para uma dívida de R$ 24.800,00 referentes a tributos não pagos. "Um oficial de justiça foi ao estádio e avaliou o patrimônio em R$ 5,5 milhões. Agora, o que temos de fazer é mostrar que o estádio tem um valor muito grande para ser penhorado por uma dívida pequena", comentou.
Com o apoio de alguns torcedores mais ilustres, a diretoria coral mantém 18 jogadores residindo na Barra. Das oito suítes existentes, o clube reformou cinco para acolher os jogadores. Tudo isso gera um custo de R$ 40 mil/mês para que as coisas funcionem. A escolinha, fechada em 2011, reabriu e já são 300 garotos atendidos.
"O nosso gargalo são as questões trabalhistas. Já passamos de 180 causas na Justiça. De cada quatro reais investidos, três vão para pagar as dívidas de gestões passadas", finalizou o dirigente.
Estadual não deve ter jogos no Elzir Cabral
O torcedor do Ferroviário dificilmente verá o clube jogando o Campeonato Cearense de 2013 no Estádio Elzir Cabral.
O vice-presidente do clube, Edmilson Júnior, declarou que o estado do gramado é impraticável e que o clube deve jogar no PV no ano que vem. "Está impraticável jogar lá. Há 15 anos o gramado não é trocado. Tiramos o Sub-20 dali para jogar no Ceten (Itaitinga) e no PV, com medo de lesões. Fizemos um paliativo para que eles treinasse lá, mas nem para treinos serve mais. Para o Estadual não temos como jogar no Elzir, mesmo em jogos de pequeno porte", lamentou.
O dirigente adiantou que o campo necessita de uma completa remodelação, algo que custa caro. "Para reformá-lo, é preciso investir em torno de 60 mil reais, o que é inviável neste momento pela nossa condição financeira e por faltar apenas três meses para o Estadual começar. A situação só mudaria caso aparecesse um recurso para viabilizar a reforma imediata", acrescenta.
Sobre uma possível venda do Elzir Cabral, que é alvo de penhora trabalhista, o dirigente rechaça: "não tem isso de venda. O torcedor tem identificação com a Barra, que pode sofrer intervenções, mas jamais a venda".
Sem dinheiro, a solução é apostar em jovens valores
Investir nas categorias de base. A ideia pode parecer batida, nada original, porém virou a salvação para um Ferroviário sem dinheiro para contratações.
A atual gestão do Tubarão da Barra apostará em quatro categorias, desde a escolinha, passando por Sub-15, Sub-17 e Sub-20, este último funcionando praticamente como uma equipe profissional, que deve servir como base para o elenco já no Campeonato Cearense em 2013.
"O Sub-20 será a base do Estadual. Temos hoje 40 meninos de 16 a 20 anos. Selecionaremos 15 ou 16 e contrataremos dez jogadores. Daí faremos uma mescla", explica o vice-presidente coral, Edmílson Júnior.
O dirigente adianta que os investimentos na base precisam ser perenes. "Não queremos que as categorias de base sejam temporárias, como ocorria nos últimos anos. O atleta que sai do Sub-15, tem que ter o Sub-17 como meta e assim até o profissional. É a escala natural de todo atleta. Estamos com esta estrutura para que o ciclo se faça".
Já o coordenador técnico Armando Desessards lembra que a política dará fim aos jogadores "aventureiros". "Não queremos mais times de aluguel, (com atletas) que vem só para fazer uma competição, com contrato de quatro ou cinco meses. Hoje temos 300 nas nossas escolinhas, 60 jogadores nas divisões de base, sendo 35 remunerados, entre 18 profissionais e outros com ajuda de custo. O destino deles não é a venda, e sim o profissional".
Desessards defende que o investimento na base pode dar um retorno que nem sempre acontece com as contratações. "Eles são investimento. Ao chegarem no profissional, não virão como contratação. Para jogar o Estadual, qualquer jogador comum custa caro. Já teremos feito em casa e o investimento valerá", diz.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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