Mesmo com a decisão do juiz, alguns aliados de Heitor ainda fazem movimentação em defesa da anulação
Ao longo desta semana, muito se discutiu sobre a influência das pesquisas eleitorais na decisão do eleitor e, consequentemente, no resultado das urnas. Especialmente após o caso envolvendo o candidato do PDT à Prefeitura de Fortaleza, Heitor Férrer, que embora tivesse sido apontado na quarta colocação, distante do segundo turno mesmo considerando as margens de erro, acabou na terceira posição, próximo do segundo colocado.
Sentindo-se prejudicado pelas pesquisas, Heitor Férrer tentou, em vão, anular o resultado do pleito. A desconfiança em relação aos institutos de pesquisa, no entanto, não se deu apenas após a apuração dos votos, tendo sido manifestada durante toda a campanha, principalmente pelos candidatos com piores desempenhos.
Na opinião do cientista político Josênio Parente, professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, as pesquisas eleitorais são importantes mas deveriam servir sobretudo para dar orientação ao eleitor. Na sua visão, porém, elas acabam influenciando aqueles eleitores que não têm identificação com qualquer candidato, que buscam dar o chamado "voto útil", como também no financiamento das campanhas.
Utilizada
Voto útil é aquele dado, por exemplo, por um eleitor que, ao acreditar que o seu candidato não tem chances de vitória, vota em outro que não tem a sua preferência com o único objetivo de impedir a vitória daquele que não quer que seja eleito.
"A pesquisa tem sido utilizada de forma indevida (pelas campanhas), que é para estimular o voto útil", ele diz. "E ela influi também no financiamento das campanhas, na medida em que ela dá credibilidade a certos candidatos, mostrando a possibilidade de maior competitividade", o que para o cientista político acaba levando uma pessoa a contribuir com uma candidatura em detrimento de outra.
O professor considera positiva a discussão ocorrida nesta semana sobre o caso de Heitor Férrer, e a sua repercussão na imprensa, mas ele não acredita que haverá mudanças significativas no comportamento do eleitor enquanto este não se sentir identificado com as candidaturas. "É uma realidade que precisa mudar, mas é muito lento", diz.
Parente acredita que o estímulo ao "voto útil" mostra que os partidos, na sua maioria, não têm projetos e que seus candidatos não correspondem à expectativa do eleitorado em todos os momentos de eleição.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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