O leite materno nos primeiros anos de vida do bebê é fundamental para o desenvolvimento saudável, além de ser uma poderosa arma contra infecções perigosas, como a pneumonia e a diarreia FOTO: WALESKA SANTIAGO
O leite humano é fundamental no tratamento de bebês de alto e médio riscos internados em hospitais no Ceará. Apesar de ser imprescindível para a manutenção da vida, os estoques dos bancos de leite de hospitais como o Albert Sabin (Hias), César Cals e Geral de Fortaleza (HGF) ainda são insuficientes para atender à demanda diária, principalmente nos fins de semana e feriados, como o Natal e Ano Novo.
De acordo com a enfermeira-chefe do César Cals, Célia Cardoso, atualmente, 35 doadoras estão cadastradas no Banco de Leite da unidade. Elas fornecem, em média, de oito a dez litros de leite por dia para alimentar 60 bebês prematuros internados nas duas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). É necessário, segundo seus cálculos, dobrar as doadoras cadastradas para suprir a exigência. Os recém-nascidos, informa, no alto risco consomem leite de duas em duas horas. Os de médio risco recebem alimentação de três em três horas. "Nossa preocupação aumenta em períodos como esse do Natal, até porque o número de crianças não diminui", diz ela.
O Hias tem atualmente 20 bebês prematuros, de baixo peso, internados na UTI neonatal e que precisam de leite humano para sobreviver. As crianças consomem cerca de três litros por dia. O banco de leite do Hias conta com 25 doadoras voluntárias, quando precisaria de, no mínimo, 50 doadoras para funcionar com margem.
Mãe-canguru
Já o HGF recebe atualmente cerca de cinco doações diárias, que garantem até dez litros de leite para a alimentação dos bebês internados. São 40 doadoras, internas e externas, a cada mês. O Serviço de Neonatologia (Seneo) do hospital funciona com 18 leitos de alto risco e 16 leitos de médio risco, uma unidade mãe-canguru com quatro leitos, com perspectiva para abertura de mais dez leitos de alta complexidade. Na unidade neonatal, as mães dispõem de uma sala de ordenha que funciona 24 horas para coleta de leite materno destinado ao consumo do filho internado ou para doação ao Posto de Coleta de Leite Humano.
Além de realizar a coleta, informa Célia, o processamento, o fracionamento e a distribuição do leite humano doado, o Banco de Leite ainda promove e incentiva o aleitamento materno. Através do telefone 0800.280.4169, ligação gratuita. As mães interessadas em doar recebem orientações sobre a retirada do leite e os cuidados com o acondicionamento. "Para estocar, podem ser utilizados vidros de maionese ou café solúvel esterilizados. O leite deve ser conservado no congelador por até dez dias. A coleta do leite doado é feita gratuitamente em domicílio", frisa.
Os bancos de leite também orientam às mães sobre cuidados gerais com os seus filhos.
Dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) mostram que o leite materno traz saúde e vida para as crianças. Na proporção em que o índice de aleitamento aumenta, a mortalidade infantil é reduzida. No Estado, chega a 71,14% o percentual de bebês acompanhados pelas equipes do Programa Saúde da Família (PSF) que são alimentados até quatro meses de vida somente com o leite materno.
Taxa
A Taxa de Mortalidade Infantil, que era de 32 por mil nascidos vivos no ano de 1997, ano em que o índice de aleitamento era menor, de 47%, foi reduzida para 13,1 mil em 2011. Segundo estudos do IBGE, o Ceará foi o Estado que mais diminuiu a mortalidade infantil no país.
Na amamentação, explica a pediatra Sandra Maria de Oliveira, os bebês recebem os anticorpos da mãe para proteção contra infecções, principalmente diarreia e pneumonia. "O leite materno diminui ainda alergias e obesidade", salienta a médica.
Amamentar também é importante para a saúde da mulher. O sangramento após o parto é menor assim como os riscos de desenvolver anemia. A mulher também corre menos riscos de câncer de mama, ovário, e ainda de diabetes e infarto. Além da mulher, toda a rede familiar pode apoiar a amamentação.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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