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domingo, 9 de dezembro de 2012

Faltam clientes - Crise nos mercados locais é agravada pela falta de chuva


Comerciantes, vendedores e boxistas do mercado estimam que as vendas já caíram cerca de 50%

Quixeramobim A frase é direta e emblemática: precisa-se de clientes. Foi afixada por um permissionário do mercado municipal desta cidade, incomodado com a falta de consumidores.

"A gente sente na pele essa situação. As pessoas dizem que não alterou muita coisa por causa dos benefícios sociais. Mas não é bem assim. Os consumidores praticamente desapareceram, não só daqui do mercado como também do comércio", justifica o vendedor de frutas, verduras e legumes Francisco Antônio Coelho, autor da frase.

O aviso de que está à procura de clientes melhorou as vendas na barraca Fotos: Waleska Santiago

De acordo com o boxista, o aviso acabou surtindo algum efeito. "Para dizer a verdade, depois que o coloquei, há cerca de três meses, as coisas melhoraram um pouco. Sabe como é, ´né´? A curiosidade dos clientes faz com que eles venham ler de perto. Depois, terminam por comprar alguma coisa. A gente não pode desanimar de forma alguma. A seca vem mas tem que ir embora mais adiante".

Diretor do Mercado de Frutas e Carnes e do Matadouro Público de Quixeramobim desde 1962, Francisco Correia Lima frisa que situação parecida jamais tinha vivenciado.

Menor movimento
"Nunca tinha visto tanta reclamação por aqui. O gado foi ficando magro e os produtores tiveram que vendê-lo de qualquer maneira, pois não há quem tenha condição de comprar ração pelo preço que se encontra. A safra de feijão e de milho foi toda perdida. Tudo isso tornou o movimento atual o menor da história deste mercado. Sinceramente, não sei como será no próximo ano se não chover bem", diz Francisco Correia.

O aposentado e pequeno comerciante João Monteiro da Silva, que garante a volta das chuvas em dezembro, é conhecido por todos no mercado de Quixeramobim por suas previsões certeiras quanto ao inverno

No depósito O Elizeu, no Centro de Quixeramobim, a queda nas vendas já atingiu o patamar de 50%. "A estiagem é cruel. Ela não afeta apenas as pessoas do campo, que são as que sofrem mais. Seus malefícios se estendem a outros setores da sociedade", desabafa o comerciante Elizeu Félix da Silva.

Em relação à ultima visita da reportagem, ele esclarece que as coisas só pioraram. "Quando vocês passaram por aqui, ainda era possível ver algum movimento. Hoje em dia, isso não é mais possível. Em tempos normais, os carros e os caminhões chegavam lotados da zona rural para adquirir mercadorias. Numa hora como essa (9 horas da manhã) era impossível conseguir estacionar um veículo nessas imediações", assegura seu Elizeu.

Do lado de fora do mercado, o panorama não é difere. Os proprietários de diversas barracas que comercializam frutas e verduras aguardam dias melhores.

Otimismo mesmo só quando reencontramos o aposentado João Monteiro da Silva, 74 anos. Com um largo sorriso, o vendedor de raízes prefere agradecer a Deus do que se lamuriar. "Já estou no lucro. Não dá mais para reclamar. Vivi 74 anos como se fossem cem. Vejo essa gente nova se maldizendo de tudo. E olha que o movimento por aqui caiu pela metade. Vendia R$ 100 por dia (bruto). Atualmente, estou me mantendo graças aos meus fregueses fieis que não desaparecem nunca. Aqueles que vinham apenas vez por outra desapareceram mesmo", pondera João Monteiro.

Chuva

O aposentado faz uma previsão otimista. "Pela experiência que tenho, garanto que começa a chover agora em dezembro. E olha que o inverno não vai ser fraco. Deus é sabido e vai equilibrar as coisas". Pode perguntar aí pelo mercado que as pessoas vão dizer que não erro nunca". Coincidência ou não, no dia seguinte à nossa visita caiu uma leve chuva na região.

Em maio último, ao encontrarmos seu João Monteiro da Silva na sua banquinha de venda de raízes do lado de fora do mercado, ele havia justificado que "Deus é pai e não vai deixar o sertanejo sofrer por muito tempo. O que está acontecendo é para pagar muita coisa ruim que estão fazendo por aí". (FM)

Poucas oportunidades e água poluída para beber
Milhã O pequeno agricultor Francisco Édson Soares conseguiu vencer o primeiro "round" contra a estiagem. Há sete meses, ele ressaltava que a prioridade era garantir a sobrevivência nos próximos dias. Aos trancos e barrancos, conseguiu.

A família do agricultor Francisco Édson Soares vive em situação de miséria e, a exemplo de muitas outras pelo sertão, consome água poluída

"Naquela ocasião, a coisa estava ruim, agora nem se fala. Tinha quatro açudes particulares onde ia pegar água aqui por perto. Três deles secaram completamente em setembro. Só resta um, e, pelo visto, não vai aguentar muito tempo", acredita Francisco Édson.

A água é utilizada para lavar roupa e tomar banho. A que é usada para consumo é conseguida numa cisterna coletiva mas sem condição de potabilidade. "A assistente social passou por aqui e recomendou que a gente não bebesse de forma alguma, pois era imprópria para tomar. Foi mesmo que nada. De que adiante dizer isso e não mostrar como é que podemos nos virar", questiona.

Apesar de tudo, o agricultor não perde o otimismo. "Não sou de amolecer. Muitos já deixaram as casas e foram em busca de dias melhores. Houve até quem se arrependeu e voltou. É preferível aguardar".

Dona Antônia, sua esposa, lembra que o sofrimento faz parte da vida de todos ali. "Já estamos acostumados com a miséria. Enquanto tiver o Bolsa Família para ajudar, não passaremos fome, embora comendo ovo todo dia no almoço e, quando possível, também no jantar". O três filhos menores do casal, Evilane, Vitor e Vitória não se lamentam e passam a maior parte do tempo, quando não estão na escola, brincando com um dos dez vira-latas que são criados no casebre de taipa de apenas dois cômodos, sem banheiro.

Gado

Na fazenda de cem hectares do pecuarista Aldízio Canuto de Lima, as queixas também são grandes. "Os prejuízos são enormes. O meu gado desvalorizou completamente. Tinha umas cabeças que custavam R$ 100 mil. Fiz uma sondagem e o máximo que consegui como oferta foi R$ 10 mil. Sem forragem e água não tem quem se arrisque a comprar", destaca. As cinco famílias que trabalhavam na agricultura tiveram que ser dispensadas. "Tínhamos uma horta aqui há oito anos. Foi preciso parar, pois a água passou a ser usada prioritariamente para no consumo humano e animal. Espero que possamos retomá-la em 2013, se fizer um bom inverno". (FM)

Solidariedade e carinho
Sombra e água fresca
O agricultor Raimundo Terceiro Costa Filho, mesmo passando por dificuldades para encontrar pasto e água para alimentar seus animais, na zona rural de Quixeramobim, num gesto de grandeza, adotou o jumentinho que estava debilitado pela fome na porta da sua propriedade. "Não posso ver um animal sofrer. Vou ficar com ele aqui até o inverno chegar. Quando estiver bem, o soltarei para que siga seu caminho". (FM)
 

 
 
Postada:Gomes Silveira 
Fonte:Diário do Nordeste
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