MENSALÃO - Julgamento pode passar para 2013

Brasília O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello recebeu alta ontem após ser internado, em um hospital de Brasília, com suspeita de pneumonia. O diagnóstico acabou descartado após exames.

O ministro passará por avaliações médicas ao longo do fim de semana e se o estado de saúde permanecer estável, ele deve comparecer à sessão de segunda-feira da corte para a retomada do julgamento do mensalão, caso contrário o julgamento pode ter seu desfecho só em 2013.

O quadro de Celso de Mello é considerado ainda mais delicado porque ele tem problema crônico de variação de pressão FOTO: DIVULGAÇÃO/STF

Celso de Mello, decano da corte, foi internado na noite de quarta-feira com sintomas de uma forte gripe. A avaliação médica identificou "infecção das vias aéreas". Os médicos recomendaram repouso domiciliar nos próximos dias. O quadro de Mello é considerado ainda mais delicado porque ele tem problema crônico de variação de pressão.

Com o retorno de Celso de Mello, os ministros esperam concluir a análise do mensalão ainda na próxima semana, antes do início do recesso forense na quinta-feira. O desfecho para o julgamento está ligado ao ministro, que é esperado para definir sobre a perda do mandato dos três deputados que foram condenados no processo.

A discussão sobre a cassação dos mandatos dos deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) está empatada em 4 votos a favor e 4 contra.

Na próxima semana, o ministro Gilmar Mendes também não deve comparecer ele estará em compromissos internacionais.

Cobrança

Advocacia Geral da União (AGU) informou ontem que irá cobrar os valores desviados dos cofres públicos pelos réus do mensalão. Em nota, o órgão justifica que "os advogados públicos aguardam o acórdão do STF fixando o ressarcimento para iniciar a atuação". Reportagem publicada ontem no jornal O Globo revela que a AGU se recusou por duas vezes a fazer parte de processos que pedem, na Justiça, a devolução do dinheiro desviado. "A Instituição poderá utilizar procedimentos comuns como bloqueio, sequestro de bens, penhora entre outros métodos para evitar o esvaziamento do patrimônio e garantir que as quantias sejam restituídas", diz.

A ministra Cármen Lúcia, disse ontem que, por ser mineira, "vê com desconfiança" as declarações feitas pelo empresário Marcos Valério, incriminando o ex-presidene Lula. Afirmou ainda que ele só deve receber proteção se houver uma "prova cabal" de que ele corre risco de vida.

Internautas defendem Lula

São Paulo Com a frase "Mexeu com Lula, mexeu comigo", internautas iniciaram uma campanha em redes sociais para defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após novas suspeitas sobre a sua participação no esquema do mensalão.

Tendo como principal alvo a oposição e veículos de imprensa, a maioria das postagens contesta as declarações do empresário Marcos Valério feitos à Procuradoria Geral da República. De acordo o depoimento de Valério, Lula teve despesas pagas pelo empresário, já condenado pelo mensalão, e deu aval para empréstimos que alimentaram o esquema.

No Twitter, dirigentes petistas, como o presidente da sigla, Rui Falcão, aderiram à manifestação ontem, acusando uma "ofensiva contra Lula". "Desde o julgamento da AP 470, em que se tentou impor uma derrota à esquerda, iniciou-se ofensiva contra Lula", escreveu Falcão. O ex-ministro Orlando Silva (PC do B), que deixou o governo após denúncias de irregularidades no Ministério do Esporte, também saiu em defesa do ex-chefe. "Se bem conheço Luís Inácio, ele dará uma bela resposta, junto com o povo, aos provocadores e falsários, em 2014".

Vice-presidente

O vice-presidente Michel Temer lembrou ontem em Portugal que as acusações contra Lula nunca foram apresentadas durante o processo. Disse que do ex-procurador-geral da República, Antonio Fernando de Sousa, afirmou que Marcos Valério não chegou a mencionar, em nenhum momento, qualquer inter-relacionamento com o ex-presidente. 

Postada:Gomes Silveira

Fonte:Diário do Nordeste