O corregedor-geral da Justiça cearense, Sales Neto, foi quem determinou correições na 1ª e na 2ª varas da Fazenda Pública
A Corregedoria Geral da
Justiça do Ceará vai averiguar possíveis problemas na 1ª e na 2ª varas
da Fazenda Pública. De acordo com o corregedor-geral Francisco Sales
Neto, “notícias de jornal” motivaram a necessidade de apuração dos
casos. Conforme O POVO vem acompanhando, há suspeitas
de que na 2ª vara estariam sendo concedidas, indevidamente, liminares a
pessoas não aprovadas no concurso público da Polícia Militar, realizado
em 2008. Já na 1ª vara, a polêmica gira em torno de uma decisão
favorável ao aumento no valor da passagem de ônibus em Fortaleza,
ocorrido na última semana.
“Em relação à 1ª e à 2ª varas,
houve notícias de jornal e vamos fiscalizar para verificar se as
acusações são verdadeiras”, afirmou o corregedor, em entrevista a O POVO.
Segundo ele, não cabe à Corregedoria entrar no mérito das decisões, mas
sim analisar “se o juiz cumpriu os prazos e se o processo está sendo
bem dirigido”.
Mesmo preferindo não entrar em detalhes, Sales
Neto confirmou que a concessão supostamente indevida de liminares foi
um dos fatores que motivou a Corregedoria a examinar os processos em
andamento no órgão. “A Corregedoria vai examinar como está a gestão do
processo ou então coisas absurdas, como foi dito que o juiz estava
concedendo liminares a policiais que não estavam nem inscritos no
concurso (da Polícia Militar)”, explicou o corregedor.
A
averiguação da Corregedoria ocorre através do processo de correição, que
consiste basicamente na análise, por alguns dias, de procedimentos,
documentos e condutas nos órgãos de Justiça. Na 1ª vara, a correição
está prevista para ocorrer de 4 a 6 de março. E na 2ª vara, nos dias 7, 8
e 11 de março. Nas demais varas da Fazenda Pública haverá inspeção, que
é um processo mais simples.
Resposta
Por
meio de nota, os juízes Hortênsio Pires, da 1ª vara, e Francisco Chagas
Barreto, da 2ª vara, afirmaram que as correições são procedimentos
“naturais e benéficos”, pois permitem verificar não apenas a produção
dos juízes, como também as condições de trabalho das Varas e, assim,
“contribuir para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional”.
Os
magistrados ressaltam ainda que recebem as correições com
“tranquilidade” e se colocam à disposição para colaborar com os
trabalhos da Corregedoria. Eles também esclarecem que as correições já
estavam previstas no cronograma de atividades da Corregedoria Geral da
Justiça do Ceará para o mês de março.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
De
acordo com o corregedor, os procedimentos de correição foram
“acelerados” devido a “matérias de jornal”. Decisões polêmicas na 1ª e
na 2ª varas deixaram o clima do Judiciário tenso nas últimas semanas.
Saiba mais
Em
janeiro, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) solicitou que o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) investigasse o juiz da 2ª vara, Francisco
Chagas Barreto, assim como o desembargador Váldsen Pereira.
Conforme mostrado na edição do O POVO
de 22 de janeiro - com base em relatórios da Fundação Universidade
Estadual do Ceará (Funece) - pessoas que não atingiram o mínimo de
pontos previstos no concurso da PM conseguiram ingressar nos quadros da
corporação por força de liminar. O mesmo teria ocorrido com pessoas
que nem mesmo constavam nos registros de inscrição.
Na
2ª vara, o juiz é Hortênsio Pires. Em meio à polêmica envolvendo o
preço da passagem de ônibus em Fortaleza, ele julgou o mérito do
processo e autorizou novamente o aumento, na última quarta-feira,20, na
mesma tarde em que o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) havia
suspendido uma liminar que concedia o acréscimo no valor da passagem.
Pires diz que sua decisão não teve qualquer influência externa e ocorreu depois da deliberação do TJ-CE.
O corregedor Francisco Sales Neto disse ainda que “ainda existe corporativismo” no Judiciário cearense e que “há sempre aquele medo de castigar os colegas”. Porém, disse acreditar que isso deve diminuir com a chegada de Gerardo Brígido à presidência do TJ-CE.
Postada:Gomes Siilveira
Fonte:O Povo
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