domingo, 23 de junho de 2013

Fim de semana - País tem manifestações marcadas em 12 cidades


Os movimentos têm uma extensa pauta de reivindicação, mas a maioria delas são contra a corrupção e a PEC-37

São Paulo Ao menos 12 cidades em 9 estados têm protestos confirmados nas redes sociais para acontecer neste fim de semana, incluindo seis capitais.

No Rio, no posto 4 da praia de Copacabana, foram colocadas 500 bolas de futebol na areia, em referência aos grandes investimentos com a Copa, representando meio milhão de brasileiros assassinados nos últimos dez anos FOTO: AG. ESTADO

A maioria dos atos é contra a corrupção e a PEC-37, que retira a atribuição da Promotoria de investigar, ainda que a votação da emenda tenha sido adiada.

Grande parte inclui na pauta reivindicações por melhorias nos serviços públicos, como saúde e educação. As maiores mobilizações ocorrem, em São Paulo, com concentração na avenida Paulista, e no Rio de Janeiro, no posto 4 da praia de Copacabana.

Em São Paulo e no interior do Estado, o principal foco dos manifestantes foi as rodovias. Em Registro (SP), a rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, foi bloqueada. Houve congestionamento nos dois sentidos da via.

Também foram fechadas as rodovias Castello Branco, Raposo Tavares, Anhanguera, Fernão Dias, Via Dutra e Imigrantes, em diferentes pontos e municípios. Em todas, motoristas enfrentaram transtornos. Houve problemas nas rodovias do Rio Grande do Sul, um dia após violentos confrontos em Porto Alegre.

Manifestantes da região metropolitana fecharam as duas principais estradas que dão acesso à capital gaúcha. A BR-290, que liga a cidade ao sul do Estado, foi totalmente bloqueada no fim da tarde no município de Eldorado do Sul e em um acesso a Cachoeirinha. A BR-116 foi fechada em dois trechos: na cidade de Esteio, a 20 km de Porto Alegre, e em Guaíba.

No interior do RS, manifestantes dispararam rojões em meio a uma passeata em Caixas do Sul na noite da última sexta-feira e um homem acabou detido. A Brigada Militar estimava em pelo menos 10 mil o número de pessoas no ato.

Em Teresina, segundo o coronel Alberto Meneses, comandante da PM da capital, manifestantes atiraram pedras e bombas de fabricação caseira contra policiais que defendiam o Palácio Karnak, sede do governo do Piauí, na sexta-feira.

A PM conseguiu dispersar os manifestantes sem agredi-los, segundo o coronel. "Tudo foi gravado pelas nossas câmeras e as imagens serão levadas por nós ao Ministério Público para mostrar como agimos", comentou enquanto finalizava a operação.

Em Campo Grande, após um início pacífico, manifestantes tentaram invadir a sede da Câmara Municipal. Cerca de mil pessoas participam do protesto, que começou por volta das 17h. Por volta das 20h, um grupo começou a atirar pedras contra o local e tentou romper um cordão de isolamento formado pela Guarda Municipal. Um guarda ficou ferido. A tropa de choque da PM foi chamada e usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

No Rio de Janeiro, homens atacaram blindado da PM e a manifestação terminou em confronto: 62 pessoas saíram feridas. Em Fortaleza, a manifestação chegou a reunir 30 mil pessoas, segundo a PM, e também terminou com confronto.

A passeata pela orla da capital cearense começou no final da tarde de sexta-feira, tendo como bandeira principal a reivindicação por mais investimentos em saúde e educação. Os manifestantes empunhavam bandeiras do Brasil e a principal palavra de ordem era "Da Copa eu abro mão, quero dinheiro para saúde e educação". Parte dos manifestantes tentou se dirigir à Prefeitura, mas havia um bloqueio policial. Alguns agressores atacaram policiais com pedras e houve revide com bombas e balas de borracha, o que acabou dispersando o grupo. Sete pessoas foram presas.

Paraná
Sob forte chuva, cerca de 15 mil pessoas, segundo a PM, participaram de mais uma manifestação em Curitiba -o quinto ato desde a semana passada.

A capital de Minas Gerais registrou nesta sexta protestos em bairros periféricos e uma manifestação de menor porte no centro da cidade. Na região do Barreiro, houve atos isolados de vandalismo. Houve ainda bloqueios de rodovias motivados por questões pontuais, como reivindicações por construção de passarelas e melhorias no transporte intermunicipal.


Depredação em Brasília criticada
Brasília Moradores de um espaço urbano privilegiado, com alta concentração de prédios assinados por Oscar Niemeyer, os brasilienses ficaram indignados com a depredação do patrimônio da capital federal - em especial, do Itamaraty e a da Catedral - durante as manifestações de quinta-feira.

No lamento geral nas ruas e nas redes sociais, as vozes de Brasília se dividem. Uns avaliam que os atos de vandalismo enfraquecem os protestos. Para outros, os exageros já eram esperados em um movimento tão heterogêneo e numeroso - e, de forma alguma, comprometem a legitimidade das reivindicações.

O músico e professor de História Claudio Bull sintetizou o sentimento que circulou no Facebook, enquanto os ataques ao Itamaraty eram exibidos na TV: "As pessoas estavam extremamente indignadas. O Itamaraty talvez seja a melhor obra de Niemeyer. Quando feriram o Itamaraty e a Catedral, feriram o brasiliense. Quem fez isso nem sabe o que é o Itamaraty, não faz sentido, politicamente, atacar o prédio. Como tinha muita polícia em frente ao Congresso, foram para cima do Itamaraty, que estava fragilizado".

Bull, que participou de um protesto no dia 15, disse que se sentiu ofendido com os atos. Para ele, os acontecimentos desanimaram os brasilienses.

Tristeza
O arquiteto Marcelo Savio visitou o local na manhã seguinte aos ataques e ficou consternado: "Eu fui lá ver de perto como estava tudo. Fiquei um pouco mais tranquilo quando vi a Catedral. Apesar do absurdo do ato, os danos materiais não foram tão grandes. Aquele espaço vazio da Esplanada foi feito também para isso, para receber manifestações. Mas ver todos os pontos de ônibus quebrados e as placas de sinalização destruídas é muito triste", disse.

O poeta Nicolas Behr disse simpatizar com o movimento, mas não foi às ruas. Deu lugar ao filho, de 22 anos. Behr lamentou os atos de quinta-feira na Esplanada. Na análise de Behr, os atos enfraquecem o movimento.


Acampados perto da casa de Cabral
Rio de Janeiro Manifestantes que na noite da última sexta-feira se reuniram defronte à residência do governador Sérgio Cabral, no Leblon, na Zona Sul do Rio, permaneciam no local na manhã deste sábado, interditando a Avenida Delfim Moreira, na altura da Rua Aristides Espínola, no sentido São Conrado. A interdição foi confirmada pelo Centro de Operações Rio.

Os jovens afirmaram que vão permanecer no local, até que o governador se pronuncie sobre a atuação da Polícia nos atos de sexta-feira FOTO: AGÊNCIA ESTADO

Segundo manifestantes que não quiseram se identificar, o grupo pretende ficar acampando no local até que o governador apareça para um pronunciamento sobre a atuação da Polícia nos protestos de sexta-feira. O humorista Hélio de La Peña, que estava passando pelo local, parou para mostrar seu apoio aos manifestantes. "Acho importante um ato que busca mais credibilidade, mais verdade e mais ações concretas no plano político", explicou. O ator Zeca Richa, que participa do acampamento, disse que o grupo espera do governador explicações sobre a ação da Polícia nos protestos, sobre suas relações com empreiteiras e empresas de ônibus, e sobre os gastos com a Copa do Mundo.


Protestos lançam dúvida sobre a realização da Copa, diz ´The Guardian´
São Paulo Em reportagem de página inteira, o diário britânico "The Guardian" afirma que os protestos realizados em diversas cidades do Brasil "lançam uma dúvida sobre a Copa do Mundo".

O diário afirma que "a situação tensa está ferindo as chances de um evento bem-sucedido no ano que vem" no Brasil FOTO: REUTERS

De acordo com o jornal, as manifestações provocaram cenas "improváveis de serem vistas no país fanático por futebol e é a última coisa que os organizadores da Copa do Mundo desejavam ver no Brasil antes do torneio do ano que vem". Entre as cenas ditas inimagináveis, o jornal lista "torcedores de futebol fugindo de balas de borracha, ruas que conduzem a estádios bloqueadas por multidões enfurecidas, hordas jogando pedras contra representações da Fifa, e cartazes da Copa das Confederações sendo queimados´".

Estopim
O Guardian frisa que a Copa do Mundo não foi um dos únicos fatores a desencadear as manifestações e cenas de violência nos protestos, mas afirma que "o megaevento foi o para-raios" e que muitos estão "furiosos com o fato de o governo estar gastando R$ 31 bilhões com um torneio que só acontece uma vez, enquanto ainda não conseguiu tratar de temas mais urgentes". O jornal lembra que ex-jogadores, como Romário, Zico e Tostão haviam advertido sobre problemas ligados à competição mundial e que integrantes da Seleção Brasileira manifestaram solidariedade aos manifestantes. O diário afirma que "a situação tensa está ferindo as chances de um evento bem-sucedido no ano que vem" e que para milhões no Brasil, "a Fifa se tornou uma marca manchada, associada a uma elite global distante que lucra às custas das populações".

As manifestações também são tema de um editorial do Guardian, onde o jornal afirma que "a classe política como um todo fez bem por merecer a raiva que está agora colhendo". De acordo com o diário, a vaia à presidente Dilma e ao presidente da Fifa Sepp Blatter durante a abertura da Copa das Confederações não se deu porque "os brasileiros, de todos os povos, teriam subitamente se voltado contra o futebol, mas porque eles e alguns futebolistas se voltaram contra o establishment".

Incerteza
O diário econômico britânico Financial Times afirma que "para investidores, os protestos trazem ainda mais incerteza a uma economia que já foi possivelmente a mais promissora do grupo Brics de nações emergentes, mas que agora está enfrentando crescimento lento, inflação e uma preocupante perda de competitividade".

O jornal inglês comenta ainda que apesar de os protestos não terem tido como objetivo depor a presidente Dilma Rousseff, boa parte da responsabilidade pelas atuais tensões "reside no modelo econômico do PT de incentivar a demanda do consumidor por meio de programas de benefícios sociais, aumentos salariais e acesso a crédito, mas negligenciando melhorias de infraestrutura".


Centro de Curitiba fica destruído
Curitiba O Centro Cívico de Curitiba amanheceu neste sábado com rastros de destruição após a quinta edição da série de manifestações populares registradas na cidade, na noite de sexta-feira. O confronto entre a polícia e vândalos deixou estragos na Prefeitura de Curitiba, nos pontos de ônibus, no comércio, e em prédios da Justiça do Legislativo estadual.

Segundo a Polícia Militar (PM), 26 pessoas foram detidas, sendo 16 adultos e dez adolescentes. Três policiais ficaram feridos. Até a manhã deste sábado, pelo menos três pessoas continuavam presas. Segundo a Polícia Civil, entre as autuações estão crimes por dano ao patrimônio público, dano qualificado, formação de quadrilha e desacato. Os liberados pagaram fiança de R$ 2 mil, e os menores só saíram após a chegada dos pais.

A manifestação começou no fim da tarde na Praça Rui Barbosa, no Centro, reunindo mais de 15 mil pessoas. O grupo se dispersou em passeatas em direção à Praça Santos Andrade, à Arena da Baixada e ao Palácio Iguaçu.

Conflito
A primeira confusão foi registrada no estádio, que está em obras para Copa do Mundo, e seria alvo de protestos contra o gasto excessivo. Na chegada dos manifestantes, porém, um grupo de torcedores do Atlético-PR atirou pedras e rojões, dando início ao conflito que só terminou após intervenção do batalhão de choque. Um dos rojões chegou a atingir a fiação elétrica e deixou parte dos moradores sem luz.
 
 
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Da Redação
Gomes Silveira
Fonte:DN

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