Pela primeira vez na história dos produtores da região, o prejuízo atinge 100% do plantio. Eles querem renegociação das dívidas, como forma de cobrir as perdas
Ao saber dos ventos fortes que acompanharam a primeira chuva por volta das 15h30min, da última segunda feira, o irrigante Antônio Valdeci da Costa, 57 anos, saiu da zona urbana de Limoeiro do Norte, onde reside com a família, até seu cultivo de banana, localizado no perímetro irrigado, próximo à sede da Fapija. "Um morador lá me telefonou na primeira chuva, 15h30min. As 16horas subi à chapada, o vento era muito forte, em tempo de virar o carro. Não tinha como continuar então parei e vi o quebradeiro. Terminou tudo, não tinha mais nada", conta.
Fonte de sustento
Em 20 anos como irrigante, Valdeci conta que é a primeira vez em que uma ventania derruba todo o seu cultivo. Ele conta que em 2002 ventos fortes derrubaram 70% do seu bananal, mas, mesmo assim, ele conseguiu reconstruir sua plantação. "Está com quatro vezes que acontece, e todas as vezes eram perdas 60%, 70% da plantação, mas nunca caia toda, sobrava alguma coisa que dava pra gente ir ajeitando a outra parte que estava derrubada. Agora não, estão tudo no chão", lamenta.
Era de seus 45 hectares de banana que Valdeci retirava o seu sustento, o de sua esposa e dos seus quatro filhos. Além disso, empregava 20 diretamente e ainda gerava 30 empregos indiretos. Agora Valdeci contabiliza as perdas. Além dos prejuízos de R$ 800 mil com toda a perda do bananal, ainda possui empréstimo no banco, que foi feito para financiar o plantio.
Projeto de lei
"Ninguém quer que o governo dê nada não. Queremos que ele aplique a lei para quitarmos as dívidas e fazermos um novo financiamento", reivindica o produtor, referindo-se ao Projeto de Lei de Conversão (PLV 17/13), de autoria do senador Eunício Oliveira.
No dispositivo inserido por Eunício, na Medida Provisória 610/13, todos os produtores da região Nordeste e de abrangência da Sudene, com contratos de até R$ 35 mil, terão suas dívidas renegociados dentro das mesmas regras do Pronaf, com juros que variam entre 0,5% e 3,5% ao ano. Desta forma, dívidas originais de até R$ 15 mil terão descontos de 85%. Entre R$ 15 mil e R$ 35 mil, o desconto será de 75%; já para dívidas entre R$ 75 mil e R$ 100 mil, o abate será de 50%.
Segundo o presidente da Fapija, Raimundo Cesar dos Santos (Alemão), choveu cerca de 40mm na região da Chapada e o vento, medido por um sistema na sede da federação, registrou ventos de 42km por hora.
"A Lei está ai, mas não se aplica. É uma burocracia muito grande para renegociar a dívida, em projeto irrigado tem que ser rápido. Só queremos isso, que o banco renegocie para quitarmos e fazermos outro empréstimo para começar tudo de novo", desabafa o irrigante. Valdeci fez um empréstimo de R$ 75 mil em 2012 para investir nos seus hectares de banana.
Dívidas
O presidente da Fapija, Raimundo Cesar, afirma que o único pedido dos irrigantes é que o Banco do Nordeste, com agência em Limoeiro do Norte, agilize a renegociação de dívidas dos produtores, para que possam fazer novo empréstimo e assim pagar as dívidas e fazer novos investimentos. "Com o crescimento das bananas menores, que não foram derrubadas, só daqui a nove meses é que eles vão pegar em dinheiro, então, para eles, já está de bom tamanho que o banco chame eles e renegociem as dívidas", afirma.
Segundo relatório da Funceme choveu em 24 municípios do Estado, de segunda feira até às 7h de ontem. As 10 maiores chuvas foram nos municípios de Limoeiro Do Norte (27.5 mm), Morada Nova (23.0 mm), Crateus (19.0 mm), Quixeré (17.8 mm), Jati (17.4 mm), Tabuleiro Do Norte (16.0 mm), Juazeiro Do Norte (13.0 mm), São Joao Do Jaguaribe (11.0 mm), Acopiara (10.0 mm) e Ibaretama (9.8 mm).
Fonte:DN
Postada:Gomes Silveira
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