O diretor adjunto da DHPP, delegado Ricardo Romagnoli, disse que
os supostos infratores podem ser responsabilizados criminalmente
Depois que Ronald Taveira, o homem que ficou conhecido pelo vídeo em
que efetuava disparos em via pública, ganhou repercussão nas
redes
sociais e provocou uma série de comentários sobre a prática de crimes na
internet, a reportagem do Diário do Nordesteonline passou a apurar uma
sequência de casos de pessoas e grupos que não usaram a prisão do
empresário cearense como exemplo. Eles continuam incitando a violência
na web, publicando fotos de armas e fazendo apologia ao crime na
internet por meio das redes sociais.
No primeiro levantamento encontramos alguns perfis que apresentavam o
nome dos próprios usuários. No entanto, os que reúnem maior número de
situações de incitação ao crime são espécies de fanpages das facções
criminosas de Fortaleza. Esses perfis são utilizados por membros das
facções para ameaçar e publicar fotos de inimigos que foram mortos, com o
objetivo de intimidar os grupos rivais. É o exemplo da Facção do
Alecrim, Babilônia e Piçarreira Facção Criminosa (PFC).
Armamento
Várias fotos com armas foram encontradas no levantamento feito pela
reportagem web do Diário do Nordeste, entre elas, pistolas calibre .40 e
revólveres 38. Também existem publicações com munições, drogas e, na
maioria dos perfis, a presença do símbolo do palhaço, que significa
"matador de policiais", entre os grupos criminosos. A imagem também é
exibida em forma de tatuagem, desafiando a Polícia do Estado do Ceará.
Gangues da Lagoa Seca e Piçarreira exibem fotos de homicídios
realizados nas áreas rivais e desdenham das vítimas que morreram na
guerra da disputa pelo tráfico. Uma terceira publicação, realizada pelos
grupos da "Lagoa Seca", comunidade localizada no bairro Sapiranga, faz
referência aos crimes em que executam seus inimigos e arrancam a orelha
das vítimas.
Em outra situação, os bandidos utilizam fotos divulgadas na imprensa,
como as de um duplo assassinato que ocorreu em setembro de 2013, dentro
de uma loja de piscinas na Avenida Washington Soares.
No caso, dois primos foram assassinados e uma terceira pessoa foi
baleada por um grupo de homens armados que fugiram em um automóvel Siena
preto. As comunidades do Alecrim, no bairro Conjunto Alvorada,
Piçarreira, no Conjunto Palmeiras, Babilônia, no Barroso e Lagoa Seca,
na Sapiranga, estão em constantes conflitos.
No dia 2 de janeiro deste ano, uma chacina deixou quatro mortos em um
conjunto de apartamentos na comunidade da Babilônia. Na ação, um grupo
de cinco homens invadiu um dos blocos e efetuou os disparos.
Facebook
A rede social Facebook, que para muitos, é uma mídia de entretenimento,
crescimento profissional e diversão, para essas comunidades se
transformou em um campo de guerra. As facções marcam disputas e avisam o
dia que pretendem entrar na área inimiga. A maioria das publicações são
realizadas por dispositivo móvel, ou seja, esses grupos utilizam
smartphones para administrar os perfis.
Outro traço que pode ser observado nas postagens desses grupos é a
ostentação. A maioria exibe um padrão de vida que não condiz com a
realidade social em que vivem.
Eles publicam fotos de relógios, tênis, óculos, roupas, dinheiro, joias
e pertences que mostram alto poder aquisitivo. Muitas fotos são
publicadas de dentro de barracos ou ruas sem saneamento básico.
Polícia Civil pode identificar e prender os 'internautas'
Com todo o material de incitação ao crime em mãos, a reportagem
procurou o diretor adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), delegado Ricardo Romagnoli, que recebeu todas as imagens obtidas
na internet e citadas na matéria.
O delegado Romagnoli analisou o conteúdo e respondeu as dúvidas
relacionadas ao parecer jurídico e investigativo que normalmente são
associados ao trabalho da DHPP.
O diretor adjunto informou que é possível adotar medidas legais visando
a identificação de supostos criminosos a partir das redes sociais, mas
alertou sobre a cautela necessária nos casos.
"Nem sempre a publicação é de conteúdo verdade, e a foto exibida é
realmente de quem publicou", explicou o diretor. Para a deflagração do
inquérito policial, segundo ele, não é necessário que o suspeito esteja
cometendo o crime em flagrante (a pessoa seja detida com arma, droga).
Romagnolli explica que o inquérito é iniciado por meio de Portaria, e no
decorrer das investigações, se for comprovado que o investigado é
realmente autor dos crimes de que é acusado, é solicitado a prisão
temporária ou preventiva.
DHPP
A Divisão de Homicídios tem acompanhado todos os casos de brigas entre
gangues e realiza operações em conjunto com a Delegacia de Narcóticos
(Denarc) com o objetivo de prender os traficantes mandantes de grande
parte dos crimes de tráfico na Capital e Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF).
Um exemplo dessa parceria foi a prisão do traficante Márcio Gladson
Dias da Silva, conhecido como 'Márcio do Gueto', um dos principais
articuladores de homicídios relacionados a disputa por território de
tráfico.
Outra prisão de homicida relacionada ao tráfico de drogas foi a de
Irineudo Ferreira de Lima, conhecido por "Pequeno", que comandava o
tráfico no bairro São Miguel. Ele acabou detido em uma operação do
Comando Tático Motorizado (Cotam).
SSPDS acompanha perfis de grupos
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou, por
meio de nota, que todo o material foi encaminhado à Polícia Civil para
que sejam tomadas as devidas providências.
Ainda segundo informações da SSPDS, por questões estratégicas de
investigação, a SSPDS não fornece informações sobre as questões técnicas
da Polícia.
O trabalho de investigação especializado nos crimes que tenham origem
nas redes sociais é feito por meio da Coordenadoria de Inteligência
(Coin), da SSPDS, e do Núcleo do Departamento de Inteligência Policial
(DIP), da Polícia Civil. "A SSPDS por meio da Coin e de um núcleo no DIP
da Polícia Civil, faz o acompanhamento de redes sociais e identifica
quem são as pessoas que cometem crimes. Após a identificação, as ações
da Polícia Judiciária são iniciadas", informou a SSPDS.
De acordo com o delegado geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, esse
tipo de investigação é mais criteriosa, porque envolve, além da Polícia,
outros órgãos como o Ministério Público Estadual para o êxito dos
inquéritos, que demandam medidas cautelares sigilosas.
Jéssika Sisnando
Redação Web
DA REDAÇÃO DO CENTRAL QUIXADÁ ONLINE
centralquixada@gmail.com
centraldenoticias@bol.com.br
(88) 96694755 - 92026830 - 8121 2265 - 34121595
Postada:Gomes Silveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário