Brasília. O diretor de Abastecimento da Petrobras,
José Carlos Cosenza, afirmou ontem à CPI mista da Petrobras que nunca
tinha ouvido falar em irregularidades dentro da companhia, antes da
eclosão do escândalo envolvendo a estatal.
Durante cerca de duas horas,
o diretor foi questionado se conhecia
detalhes sobre temas como pagamento de propina a empresários,
superfaturamento de obras e indicações políticas a cargos de alto
escalão. Ele repetia que não tinha informações sobre essas suspeitas,
pois só passou a ocupar o cargo atual em 2012.
Consenza substituiu Paulo Roberto Costa, apontado pela Polícia Federal
como o principal operador do esquema de corrupção na Petrobras, que
teria movimentado R$ 10 bilhões, segundo a Polícia Federal.
Instado a explicar por que fora citado em uma troca de mensagens entre o
deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) e o doleiro Alberto Youssef, o diretor
limitou-se a dizer que nunca foi apresentado a nenhum dos nomes
mencionados.
Os parlamentares quiseram saber quais medidas Cosenza adotou para
coibir novas irregularidades na companhia. Também em mais de uma ocasião
ele limitou-se a expor as investigações que estão em curso, dentro e
fora da Petrobras.
"Temos comissões internas de averiguação desses fatos levantados pela
imprensa, e a companhia está colaborando com Ministério Público e PF.
Nossa apuração interna está nos finalmentes", afirmou Cosenza.
Perguntado se havia afastado do seu departamento pessoas que
trabalharam com Paulo Roberto Costa, Cosenza disse considerar
"temerário" tomar atitudes antes do fim da apuração das denúncias.
No início do depoimento, o relator, deputado Marco Maia (PT-RS)
perguntou se o diretor mantinha contato ou relação comercial com Paulo
Roberto, após ele ter deixado a Petrobras. Cosenza dissera que não.
Pouco depois, no entanto, após outro questionamento, o diretor afirmou
que falou cinco vezes com o antecessor, desde que ele saiu da companhia:
três por telefone e duas pessoalmente.
Cosenza rebateu a acusação de que havia se contradito. Argumentou ter
entendido que Marco Maia queria saber se ele tinha contato com Costa
antes de substituí-lo na diretoria.
O deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) afirmou na sessão ter informações de
que, após a queda de Costa, Cosenza fora procurado por pessoas
interessadas na manutenção do esquema de corrupção na diretoria de
Abastecimento. Cosenza negou.
Os parlamentares também quiseram saber qual o nível de interlocução de
Cosenza com a presidente Dilma Rousseff (PT). Ele afirmou já tê-la
encontrado em uma reunião, na companhia de outros diretores. Acrescentou
que, na ocasião, foram tratados assuntos sobre qualidade de asfalto, um
derivado do petróleo.
Pagamento de multa
O executivo Julio Camargo, apontado como elo do cartel de empreiteiras
com o esquema de corrupção na Petrobras, aceitou pagar multa de R$ 40
milhões no âmbito da delação premiada que fechou com o Ministério
Público Federal. A investigação mostra que o executivo detinha o
controle de três companhias que recebiam aportes de empresas de fachada
do doleiro Alberto Youssef, apontado como operador do esquema de
propinas.
Youssef recebeu alta na manhã de ontem, segundo boletim médico
divulgado pelo Hospital Santa Cruz, de Curitiba, onde ele estava
internado desde sábado (25). Preso há nove meses, o doleiro sofreu uma
queda brusca de pressão e foi hospitalizado.
POSTADA;GOMES SILVEIRA
FONTE;DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário