
Em relação aos riscos de homicídio, o Ceará também aparece com destaque negativo: a juventude negra tem quatro vezes mais chances de ser assassinada do que a população branca na mesma faixa. O Estado aparece na sétima colocação, atrás da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo e Sergipe. No Brasil, o índice geral aponta que os negros têm 2,5 vezes mais chances de sofrerem um homicídio que os brancos.
O IVJ foi calculado usando como parâmetros a mortalidade por homicídios, por acidentes de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza no município e desigualdade.
O professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará e coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), Cesar Barreira, avalia que a situação exposta é reflexo da extrema desigualdade social que ainda existe em nosso Estado, em especial, em Fortaleza.
"Costumamos trabalhar com a questão da violência difusa, ou seja, todas as pessoas podem ser vítimas. Entretanto, existem as vítimas preferenciais, que ficam concentradas nos jovens, negros e pobres. Isso porque temos uma sociedade muito desigual. Fortaleza é uma das cidades mais desiguais do mundo. Temos outras questões, como as abordagens policiais, geralmente a jovens negros pobres. Vivemos em uma cidade muito preconceituosa, que reforça as questões dos estereótipos. Dessa forma, o jovem negro passa a ser alguém que leva o perigo", diz o professor.
Nordeste
Chama atenção ainda no estudo a concentração de estados do Nordeste com os piores IVJ, enquanto Sul e Sudeste têm índices menores de violência contra os negros. "De uma forma muito negativa, isso corrobora o plano de violência que existe nesses estados. O Nordeste está despontando com áreas mais problemáticas nesse sentido. João Pessoa, Maceió e Fortaleza já estão entre as dez cidades mais violentas do mundo. Podemos melhorar esse quadro fazendo com que suba o nível educacional e cultural de todo o Brasil, para apagar, de certa forma, a violência e estimular a tolerância", opina Barreira.
A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (SCDH) possui ações voltadas para o estímulo de debates sobre as questões raciais e afirmação da identidade negra, como informea o titular da Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Coppir) da SCDH, Cristiano Pereira.
"No ano passado, aderimos voluntariamente ao Plano de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra, que prevê a organização de núcleos de discussão sobre o tema. Vinte bairros já participam e 16 deles foram os responsáveis por 40% dos homicídios em 2012. Estamos elaborando cursos para que as pessoas entendam e trabalhem com políticas públicas voltadas à juventude negra. Os próprios Cucas estão voltados, em grande parte, à juventude negra. Além disso, trabalhamos com o Projeto Erês na Escola, que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileiras nas escolas municipais".
É justamente a escola que Cesar Barreira acredita ser um bom espaço para reverter a situação de desigualdade e preconceito racial. "As escolas poderiam trabalhar mais com isso, porque faz parte do nível educacional e cultural. O mais importante é perceber que essa pesquisa traz de forma clara que hoje o jovem precisa muito mais de proteção do que de punição", conclui.
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POSTADA:GOMES SILVEIRA - FONTE:DN
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