As siglas aliadas Psol e PCB apresentaram ontem o nome da militante Raquel Lima como vice na chapa que disputará a Prefeitura de Fortaleza. O anúncio foi feito na sede da Associação dos Moradores do Alto da Paz, no bairro Serviluz.
Raquel Lima é ex-moradora do Alto da Paz, área desocupada
pela Prefeitura de Fortaleza em fevereiro de 2014 para construção de apartamentos. Um ano depois de retirada dos moradores, obras sequer haviam começado. No local, viviam cerca de 340 famílias. A desocupação, autorizada por ordem judicial, foi um dos episódios mais desgastantes da gestão do prefeito Roberto Cláudio (PDT).
O evento de lançamento do nome da integrante do PCB contou com a presença do vereador João Alfredo (Psol), candidato a prefeito da chapa, e de lideranças das duas siglas, além de representantes de CSP-Conlutas e de organizações da sociedade civil.
Ainda na fase de elaboração de propostas de campanha e antes das convenções partidárias, João Alfredo e Raquel Lima conversaram sobre os temas que devem dominar o debate político no período eleitoral, como moradia, educação e transporte público.
Também presente no encontro, Emerson Martins, da direção nacional do PCB, disse que o programa explorado pelas siglas vai além do calendário eleitoral de 2016 e que o projeto dos aliados está alicerçado na participação popular e conscientização política.
Para ele, esse ideário precisa ser incorporado ao cotidiano da sociedade, especialmente da classe operária. “Nosso programa materializa a luta cotidiana em uma plataforma política”, enfatiza.
João Alfredo, que substituiu o deputado estadual Renato Roseno (Psol) na disputa deste ano pelo Paço Municipal, define a composição partidária como uma aliança pela esquerda anticapitalista e socialista.
“Esperamos, com ela, atrair outros grupos que tenham perfis semelhantes ao nosso. Ampliar a participação social. Vivemos em uma cidade na qual aproximadamente 80 mil pessoas não têm onde morar. Esse será um dos compromissos que assumiremos de maneira bastante contundente”, antecipou o parlamentar.
Sobre a escolha de Raquel Lima para vice na chapa, ele justifica como sendo um recorte social ainda não priorizado em candidaturas anteriores. “Nosso critério não é técnico e acadêmico. Escolhemos mostrar a importância do combate à intolerância à mulher e de lutar contra o racismo. Precisamos resistir a isso. O Titanzinho é símbolo de resistência.
A Raquel, mulher, negra e que foi despejada de sua casa durante a gestão Roberto Cláudio, personifica nosso propósito de campanha”, criticou o pré-candidato.
Saiba mais
Perfil
Aos 37 anos, Raquel Lima é filiada ao PCB desde 2014, período em que se tornou militante pelo direito à moradia. Mãe de três filhas e ex-moradora do Alto da Paz, comunidade de 340 famílias removidas durante ação de despejo da Guarda Municipal de Fortaleza em fevereiro de 2014, já trabalhou como auxiliar de serviços gerais e diarista.
Referência na comunidade onde mora e atua, a pré-candidata reforçou em conversa com O POVO que a escolha de seu nome para vice na disputa pela Prefeitura de Fortaleza é a consequência natural de um fenômeno atual: a necessidade de dar lugar às minorias sociais.
“Sou mulher, negra, mãe e fui hostilizada dentro da minha própria casa ao ver a exigência de que eu a deixasse para que ela fosse derrubada”, disse.
A pré-candidatura de Raquel Lima será oficializada no próximo dia 2 de agosto, durante a convenção partidária da sigla.
POSTADA POR GOMES SILVEIRA
COM INFORMAÇÕES DO O POVO
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