domingo, 24 de julho de 2016

CEARÁ - Clima ameno. Os ventos fortes que mudam rotinas no Ceará

Eles trazem o alívio do calor até nas horas mais ensolaradas. Ajudam os apaixonados por esportes náuticos à vela. Mas exigem também cuidado redobrado de pescadores em pequenas embarcações. Os ventos fortes chegam ao Ceará no segundo semestre. No Litoral, eles já foram percebidos desde junho e tendem a atingir velocidades máximas nos meses de agosto e setembro.

Perto da praia, as rajadas mais intensas já alcançam velocidades entre 60 e 70 km/h neste mês de julho, enquanto a velocidade média dos ventos está em 28 km/h. As velocidades do primeiro semestre já estiveram acima da média neste ano, numa diferença entre 2 e 3 km/h, aponta o meteorologista David Ferran, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). 
 

A época traz um misto de conforto e preocupação ao aposentado 
Francisco Alves, 71, que mora no bairro Maraponga. A casa dele tem do lado de fora duas árvores: um pé de cajá e outro de abacate. A temporada de ventos é de apreensão pelo risco maior de queda das plantas. Mas sair da dependência do ventilador é apontado como um ponto positivo. “Agora a gente abre a casa de dia e fica tudo mais fresco”.
 

Morando no 14° andar, o advogado Gilson Menezes, 62, adota uma estratégia para conseguir trabalhar em casa sem ver voar nenhum papel. É deixar janelas fechadas até o calor incomodar. Prender os documentos e abrir tudo para o vento entrar. No mesmo apartamento há dez anos, ele conta que já perdeu roupas que secavam e maçanetas de portas que o vento fechou com força.

Esportes
A temporada é sentida pelos amigos Bruno Araújo, 20, e Valdemir Crisóstomo, 22. De bicicleta, eles fazem duas vezes por semana o trajeto de ida e volta pela orla da Capital, entre a Praia de Iracema e o Mucuripe. “A ida é contra o vento. Pedalamos mais devagar e com marcha mais leve para conseguir”, explica Bruno. Ele também pratica kitesurf e comemora a chegada da melhor época para velejar. Mas o amigo Valdemir é do surfe, esporte mais aproveitado com os ventos fracos do primeiro semestre.
 

Moradores de Hamburgo, na Alemanha, a família da estudante Jessica Thees, 22, costuma vir ao Cumbuco, em Caucaia, na época de bons ventos para o kitesurf. É quase sempre em outubro, mas desta vez, eles resolveram chegar em julho. “O vento é ótimo por volta das 10 horas, fica bem mais fácil manobrar”, comenta o pai Michael. Na praia da Tabuba, ele ensinava o esporte ao filho Jannik, 20. “Ele é bom, já está pegando o jeito”, comemorava Jessica. 
 
Kitesurf
Visitando o Ceará pela terceira vez, o estudante Jannik Thees aprendeu nesta semana as técnicas do kitesurf. A família, que mora na Alemanha, aproveita para ficar por duas semanas no Cumbuco na temporada de ventos fortes.

 
Bicicleta
O empresário Bruno Araújo e o estudante Valdemir Crisóstomo relatam a dificuldade em pedalar contra o vento na praia. Com marcha mais leve, eles guardam energias para nadar depois do trajeto.   


VENTOS FORTES NO CEARÁ
CORREDOR PARA OS VENTOS
Os ventos são deslocamentos do ar gerados por diferenças de pressão atmosférica. O movimento é de uma região de alta pressão para uma de baixa pressão. Os ventos alísios, que correm dos trópicos para o Equador, encontram no Ceará um corredor de passagem. Isto não acontece no segundo semestre porque a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), como sistema de baixa pressão, pode ficar no meio deste corredor.


SECA E VENTOS
A ZCIT é o sistema responsável pelas chuvas do Ceará, concentradas entre fevereiro e maio. Posicionada pouco acima ou sobre o Ceará, ela pode trazer mais chuvas e diminuir a velocidade dos ventos. Mas em anos secos, há tendência de ventos mais fortes no segundo semestre. A força dos ventos tem relação direta com o posicionamento da ZCIT no Ceará.
 

ANOMALIA
Além da pouca nebulosidade, a temporada de ventos fortes no Ceará é sintetizada pela Funceme como o deslocamento do Sistema de Alta Pressão Atmosférica do Oceano Atlântico Sul em direção ao Nordeste. O órgão explica a maior circulação de ventos desde junho pelo registro de anomalia positiva neste sistema de alta pressão.
 

VELOCIDADES
Os dias com ventos de maiores velocidades registradas na estação do bairro Itaperi foram nos meses de abril, maio e julho até agora em 2016. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As velocidades são menores em relação à costa marítima, pois o vento chega ao bairro com menos força pela presença de prédios e vegetação.
17 de abril, às 21h – 32,4 km/h
3 de maio, às 20h – 21,6 km/h
2 de julho, às 16h – 18 km/h
4 de julho, às 16h – 18 km/h
9 de julho, às 16h – 18 km/h
14 de julho, às 16h – 18 km/h
 

VELOCIDADE MÉDIA MENSAL NO LITORAL DO CEARÁ
Janeiro – 22,2 km/h
Fevereiro – 18,5 km/h
Março – 16,3 km/h
Abril – 14,8 km/h
Maio – 19,6 km/h
Junho – 24,4 km/h
Julho – 28,1 km/h
Agosto – 31,5 km/h
Setembro – 31,1 km/h
Outubro – 29,6 km/h
Novembro – 27,4 km/h
Dezembro – 24,8 km/h   

 
ALTO-MAR
Os cuidados de quem pode se prejudicar com os ventos
As rajadas em alta velocidade são perigosas para os pescadores artesanais do Ceará. Isto porque o vento, que sopra do continente para o mar, oferece resistência às jangadas que retornam da pescaria. Na praia do Cumbuco, em Caucaia, são poucos jangadeiros em busca de espécies como o peixe-serra. Eles ficam em alerta pelos ventos fortes, principalmente entre julho e outubro.
“Todo cuidado é pouco. Não tem horário melhor ou pior, é saber quando tá mais calmo”, comenta o pescador Iranildo Nogueira, 53. Alguns dos cuidados são manejar velas menores e diminuir o tempo em alto-mar. Por exemplo, ficar apenas três dias em vez de uma semana na pesca.
 

A temporada dos ventos fortes também requer mais atenção com a saúde. “No segundo semestre começa o destroço”, brinca a professora Iana Soares Souza, 34. Ela tem rinite alérgica desde adolescente. E a segunda metade do ano é marcada por crises diárias de espirro. Isto porque o vento espalha com mais facilidade a poeira, além de vírus e pólens de flores.
 

Para Iana, uma das alternativas para evitar crises piores é passar o pano na casa em vez de varrer e espalhar mais poeira. Além de seguir orientações médicas e lavar o nariz com soro fisiológico. Mas para ela, nem tudo é desvantagem. Moradora de Pindoretama, a 49 quilômetros de Fortaleza, ela curte os meses de temperaturas mais amenas. 

POSTADA POR GOMES SILVEIRA 
COM INFORMAÇÕES DO O POVO
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