Delação premiada do cearense Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, corre risco de ser suspensa após revelação do The Guardian. O jornal inglês alega que, em doze meses, o empresário Expedito Machado Neto, filho de Sergio, teria gasto mais de 21 milhões de libras (R$ 90 milhões) em imóveis no Reino Unido.
Segundo a denúncia, nenhum dos imóveis comprados está relacionado na lista entregue ao Ministério Público (MPF) por Expedito -na qual declarou bens adquiridos com dinheiro oriundo de propina no valor total de R$ 75 milhões. O jornal afirma que a própria delação de Sergio e o depoimento de seu filho, também delator, “sugerem” que o recurso teria origem ilegal.
A compra dos imóveis começou em outubro de 2014, mesmo mês em que Sergio Machado deixou a presidência da Transpetro após denúncias da Lava Jato, e seguiram até outubro de 2015.
No período, Expedito adquiriu uma série de escritórios comerciais na Fleet Street – uma rua central de Londres –, um terreno na zona portuária de Leeds e um apartamento no bairro Mayfair. O aluguel das propriedades renderia, segundo o The Guardian, “milhares de libras anuais” ao filho do delator.
Expedito Machado, empreendedor de 31 anos, mora em Londres desde 2012. Conhecido como Did, Expedito é citado na delação de Sergio Machado como intermediador do esquema desde 2007.
Risco de suspensão
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, caso sejam encontradas “inconsistências em qualquer momento”, o acordo de delação premiada pode ser “suspenso”.
A defesa de Expedito Machado afirma que o empresário não foi acusado em nenhum processo, apesar de confessar ter participado de lavagem de dinheiro ilícito de Machado. Expedito entra no acordo de delação premiada entre o pai e o MPF, que prevê que três dos filhos sejam poupados de processos na Lava Jato.
Segundo a assessoria de Sergio Machado, Expedito entregou ao Ministério Público Federal a relação de todos os seus bens e ativos, incluindo todas as companhias imobiliárias citadas na matéria do The Guardian, que, segundo eles, teriam sido registradas no Reino Unido com a ciência das autoridades competentes.
“Todos os esclarecimentos foram prestados ao Ministério Público Federal e ao Poder Judiciário”, diz, em nota, a assessoria, que vê inconstitucionalidade na publicidade dos sigilos fiscal e bancário de Expedito.
Por meio de nota, a PGR esclarece que, no momento da negociação da colaboração premiada, a “investigação sobre Sergio Machado era incipiente e inexistente sobre seus filhos” e, com efeito, “não havia qualquer informação sobre os respectivos patrimônios”. O acordo exige que seja entregue relação de bens, “inclusive em nome de interpostas pessoas”
“Caso sejam encontradas inconsistências, serão analisadas possíveis sanções que podem, inclusive, culminar com a revisão ou até a suspensão do acordo”, conclui. (colaborou Carlos Mazza)
NÚMEROS
90
milhões de reais é o valor que teria sido gasto em imóveis
75
milhões de reais é o valor declarado por Machado ao MPF em delação
Para entender
O efeito Sergio Machado
Ex-senador pelo Ceará que presidiu a Transpetro entre 2003 e 2014, Sergio Machado admitiu ter coordenado esquema de repasse de propinas na Transpetro, uma subsidiária da Petrobras.
O esquema teria teria beneficiado mais de 20 políticos, grande parte deles do PMDB. Só para cúpula do partido, teriam sido destinados mais de R$ 71,7 milhões.
Gravações feitas pelo cearense Sergio Machado provocaram a a queda de pelo menos três ministros do presidente em exercício Michel Temer (PMDB).
Um deles foi o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB), que deixou a Esplanada dos Ministérios após uma semana no cargo. Jucá foi flagrado em gravação de Machado na qual sugere um pacto para barrar a Operação Lava Jato.
Com o acordo de delação premiada, Sergio Machado foi condenado a dois anos e três meses em prisão domiciliar em sua residência em Fortaleza, uma mansão com piscina e quadra poliesportiva no Dunas, bairro nobre da Capital. Machado tem permissão para receber, além de advogados e profissionais de saúde, até 27 familiares e amigos incluídos em uma lista.
Saiba mais
Desvios
Esquema comandado pelo cearense Sergio Machado na subsidiária da Petrobras alimentou o caixa de partidos e financiou candidaturas. Dinheiro era desviado de contratos e depois lavado em contas em paraísos fiscais. Machado contou com o auxílio de filhos para conseguir dissimular origem ilícita dos recursos utilizados na compra de imóveis, por exemplo.
POSTADA POR GOMES SILVEIRA
COM INFORMAÇÕES DO O POVO
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