Depois da divulgação do conteúdo da delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que pode devastar a estrutura do governo federal, o presidente Michel Temer (PMDB) realizou ontem uma reunião de emergência com
aliados para armar contra-ataque ao bombardeio das declarações do executivo da empreiteira.
Buscando também responder ao cenário negativo apontado por pesquisa Datafolha divulgada ontem, que traz péssimos números sobre a gestão peemedebista, o governo pretende, nos próximos dias, lançar um pacote econômico de resgate da economia.
O líder do PSD, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que esteve reunido com o presidente na tarde de ontem no Palácio do Jaburu, afirmou que o governo federal deve lançar ainda nesta semana um pacote de oito medidas para geração de emprego e estímulo à economia.
O anúncio de que o governo prepara uma agenda positiva é feito dois dias depois do vazamento da delação premiada do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Nos depoimentos, o executivo afirmou que Temer solicitou dinheiro em jantar com Marcelo Odebrecht e que parte dos recursos foi entregue ao amigo e hoje assessor especial da Presidência José Yunes.
Também foram citados outros integrantes do governo, como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, além de cerca de 30 parlamentares.
Rosso assegurou que as medidas de estímulo já vinham sendo estudas há cerca de um mês e os últimos detalhes devem ser acertados em um encontro com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
A operação para tentar reduzir os estragos do teor da delação, que foi revelado nos últimos dias, ganhou força sobretudo diante dos sinais de descontentamento dados pela própria base aliada do governo. O receio é de que o clima desfavorável possa prejudicar, até, a tramitação da PEC da reforma da Previdência.
“Renúncia”
Em meio à crise e o desgaste político, pesquisa Datafolha aponta um crescimento na desaprovação da gestão Temer, que já não apresentava sinais positivos em julho.
A maioria dos entrevistados na pesquisa, 63%, é favorável à renúncia do presidente Temer ainda neste ano para que seja realizada uma nova eleição direta. Ainda de acordo com a pesquisa, 51% consideram a gestão do presidente ruim ou péssima. Em julho o índice era de 31%. Para 40% da população, a gestão de Temer é pior que a de Dilma Rousseff (PT). Para 34%, é igual, e para 21% é melhor. (Wagner Mendes, com agências)
Saiba mais
A residência do presidente Michel Temer no bairro Alto de Pinheiros em São Paulo foi alvo de ocorrência no fim de semana, quando um homem, por duas noites consecutivas, atirou objetos no portão da casa. Temer estava na residência.
Na manhã de ontem, a perícia esteve na casa de Temer para averiguar danos ao portão que foi atingido. O boletim de ocorrência foi feito na 14ª Delegacia de Polícia Civil. Após o ocorrido, a segurança na frente da casa do presidente foi reforçada.
Conforme ressalta o jurista Alexandre Bahia, da Ibmec, “se houver renúncia antes do final do ano, o presidente da Câmara assume interinamente e teria que ser feita nova eleição direta”. “Mas se ele renunciar a partir do ano que vem, é feita um eleição indireta pelo Congresso Nacional”.
O cientista político Francisco Moreira Ribeiro, da Unifor, acredita que uma eleição direta poderia apontar um novo rumo a possível estabilização do cenário de crise nacional. “Na medida em que as coisas foram acontecendo e o governo se dissolvendo, o Planalto não aparenta ter pessoas honestas”.
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POSTADA POR GOMES SILVEIRA
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