sexta-feira, 16 de novembro de 2018

POLITICA - Apoio a Bolsonaro divide PSDB e deve se limitar à agenda econômica

Após uma dura derrota na corrida presidencial e a redução no número de governadores e na bancada da Câmara dos Deputados, o PSDB enfrenta agora uma fase de debates sobre
o futuro da sigla, na qual um dos principais pontos de divergência é o limite do apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Enquanto nomes como o novo governador de São Paulo, João Doria, defendem uma aliança sólida, quadros mais tradicionais são contra assumir cargos a fim de garantir liberdade nas votações no Congresso.
"O importante é não fazer parte do governo para não perder essa independência", afirmou ao HuffPost Brasil o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-presidente da sigla e cotado para assumir o comando do Senado em 2019.
De acordo com o parlamentar, as bancadas devem apoiar medidas da agenda econômica. "Aquela pauta que for de acordo conosco, a gente não vai fazer uma oposição sistemática. Tudo que for bom para o País, a gente vota", afirmou.

Fazem parte dessa agenda reformas da Previdência e tributária, ações de redução da máquina pública e algumas privatizações.Temas ligados à segurança, como liberação de armas e redução da maioridade penal, por sua vez, provocam divergências. "Tem uma porção de coisa que não acreditamos", disse Tasso. "Em outras questões [fora da economia] é mais difícil apoiar porque vai depender do que ele vier a apresentar. Se não concordamos, vamos resistir", completou.
Pautas ligadas a costumes, como a Escola Sem Partido, já têm provocado discussões entre tucanos. Parte da atual bancada da Câmara é a favor da proposta que limita a atuação dos educadores, enquanto parlamentares ligados a temas sociais e de defesa de minorias são contra.
A mesma postura foi reiterada pelo senador Paulo Bauer (PSDB-SC). "A adesão no conceito tradicional sempre é vista como uma coisa do tipo 'vamos participar do governo'. Isso não está sendo cogitado agora nem vai ser cogitado", afirmou à reportagem o parlamentar, que é um dos vice-presidentes da legenda.
Bauer destacou, contudo, que não se pode menosprezar o apoio popular de Bolsonaro e que descartou uma oposição sistemática ao novo governo. "Não vamos hostilizar qualquer ação que o governo queira implementar", afirmou. O senador lembrou ainda que o PSDB se manteve neutro no segundo turno. A sigla liberou filiados a declarar apoio ao PSL ou ao PT.

Tucanos se elegeram apoiando Bolsonaro

Apesar da postura oficialmente neutra, na prática, diversos candidatos tucanos apoiaram o capitão da reserva na disputa eleitoral, em busca de uma carona na popularidade de Bolsonaro. Todos os 3 governadores do PSDB eleitos usaram essa estratégia.
Parte do grupo, Doria chegou a ir ao Rio de Janeiro durante a campanha para tentar se encontrar com Bolsonaro. Após o resultado do segundo turno, o ex-prefeito de São Paulo se reuniu com o novo presidente em Brasília e prometeu apoio das bancadas do PSDB paulista no Congresso, inclusive na área social.A atitude do novo governador, contudo, têm sido desautorizada por correligionários. "O Doria está indo numa ligação, pelo que tenho ouvido falar, de 100% de apoio ao governo. Não é o que boa parte do partido entende, mas não houve uma discussão interna ainda", disse Tasso. A executiva nacional da sigla se reúne no próximo dia 22 para debater os rumos da legenda.
A postura do ex-prefeito de São Paulo em relação a Geraldo Alckmin - primeiro com a sombra de que poderia tentar disputar a Presidência pelo PSDB em 2018 e depois com o flerte de Doria com Bolsonaro ainda no primeiro turno - também provocou melindres internamente. Alguns atribuíram a decisão do candidato à Presidência da República derrotado de deixar o comando da sigla às ações de Doria.
No período eleitoral, o apoio do ex-governador de São Paulo ao candidato Márcio França (PSB), que era seu vice, para o comando do estado também reforçou o ressentimento entre os dois.
O novo presidente do PSDB deve ser escolhido em maio. Um dos nomes cogitados é do deputado Bruno Araújo, ministro no governo de Michel Temer entre maio de 2016 e novembro de 2017. Uma vitória dele poderia significar uma guinada mais à direita. O tucano, que não conseguiu se eleger como senador, fez campanha para Bolsonaro no segundo turno.

PSDB foge da autocrítica

Apesar de o resultado das urnas revelarem uma redução no poder partidário, há limites para a autocrítica entre tucanos. "Muitas coisas contribuíram para esse cenário. Algumas que o partido produziu e outras são fatores externos. O resultado eleitoral é uma questão circunstancial", afirmou Bauer.
O senador defendeu que seja feita uma reflexão a longo prazo. "A próxima eleição é daqui a dois anos. Temos tempo. Posso dizer que o bom senso vai prevalecer, e o PSDB não é partido que tenha na sua história posturas de extremismo", afirmou. Um dos vice-presidentes da sigla, Bauer defendeu também uma sintonia maior com a sociedade após esse alinhamento interno.
Em 2014, o PSDB era a terceira maior bancada, com 54 nomes. Para o próximo ano, são 29 representantes. Nomes tradicionais como Nilson Leitão (PSDB-MS), Marcus Pestana (PSDB-MG) e Silvio Torres (PSDB-SP) não conseguiram se reeleger.
Nos governos estaduais, o número de vitórias caiu de 5 em 2014 para 3 neste ano. Já na corrida presidencial, Alckmin ficou em quarto lugar, com pouco mais de 5 milhões de votos, mesmo contando com a maior coligação na disputa.Nos bastidores, a maioria dos tucanos minimiza algumas críticas feitas à legenda, como a falta de protagonismo no enfrentamento ao PT e a postura no governo Temer. O PSDB chegou a ocupar 5 ministérios na gestão emedebista e se dividiu sobre continuar na base após as denúncias da JBS contra o presidente.
Alguns deputados, por sua vez, apontam as investigações da Operação Lava Jato como cruciais para o desgaste da imagem do partido. Além do senador Aécio Neves (PSDB-MG), os ex-governadores do Paraná, Beto Richa, e de Goiás, Marconi Perillo, foram alvo de operações.


Jornal Central Quixadá é o blog oficial do Radialista Gomes Silveira no Sertão Central do Ceará. Participe através do telefone e whats app (88) 9 98602540 Email : centralquixada@gmail.com / centraldenoticias@bol.com.br
POSTADO POR GOMES SILVEIRA

FONTE :MSN

Nenhum comentário:

Postar um comentário