Luisa Cela (PSB) deixa oficialmente nesta quarta-feira (5) o comando da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), véspera da data-limite para a chamada desincompatibilização, exigência da Justiça Eleitoral para que nomes do governo que intencionam se candidatar fiquem habilitados a disputar um cargo eletivo nas eleições. A saída, anunciada na semana passada, ocorre dois dias depois de sua mãe, Izolda Cela (PSB), deixar o Ministério da Educação (MEC) e um dia após o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PT), indicar apoio para ter Luisa como vice na disputa pela Prefeitura de Fortaleza.
“Vamos celebrar o trabalho, o esforço, a dedicação e o empenho dessa querida companheira, nossa querida Luisa Cela, que está, neste momento, momentaneamente deixando a vida pública para ir quem sabe, alçar novos projetos. Portanto, muito obrigado Luisa, por tudo o que você fez para a cultura do nosso estado”, afirmou em evento de inauguração da nova sede da Secult-CE, na Estação das Artes, no Centro, nesta terça-feira (4). Em janeiro, apurou o Estado CE, Evandro já havia manifestado sua predileção por um nome feminino numa eventual chapa ao Paço Municipal.
De atuação na militância cultural e filha do ex-prefeito de Sobral, Veveu Arruda (PT), Luisa corre como favorita para concorrer nas Eleições 2024 ao lado de Evandro em meio aos laços que sua família estabeleceu com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), hoje o principal capital político do Estado. Internamente, porém, há referências ao nome da vereadora Enfermeira Ana Paula (PSB) para estar ao lado de Evandro. Em abril deste ano, a ex-secretária fez uma fala no 3º Encontro do Sistema Estadual de Cultura, que causou desconforto a seu grupo político e à gestão do governador Elmano de Freitas (PT).
No evento, ao tratar da Lei Paulo Gustavo, Luisa declarou que “edital é 100% de insatisfação, porque quem fica fora fica com ódio porque ficou fora. Quem fica dentro, fica com ódio porque demora pra pagar, aí depois fica com raiva do monitoramento, da prestação de contas, então é 100% de insatisfação”. Luisa disse ainda que editais não precisariam “garantir salário” de artistas. À época, a ex-titular da Secult-CE negou que as declarações foram de “ironia” ou “deboche”, após postura junto às declarações repercutir em vídeo nas redes sociais.
Família na política
Luisa está no partido comandado no Ceará por Eudoro Santana, pai de Camilo Santana, e que ocupa a Presidência no lugar de Denis Bezerra, ex-deputado federal. A troca, estratégica, aconteceu após a tensão entre PT-PDT que ganhou o cenário público, no racha para o apoio à Presidência da República, em 2022. A decisão do PSB era pelo aceno a Lula (PT) ou a Ciro Gomes (PDT). A legenda reverteu uma orientação local e fechou questão para seguir a Executiva nacional, no palanque da chapa Lula-Alckmin. No início deste ano, o senador Cid Gomes deixou o PDT e voltou para o PSB. Ivo Gomes (PSB) também deixou o PDT.
Izolda em Sobral
O vínculo entre pré-candidaturas PT-PSB está evidenciado também em Sobral, com a exoneração de Izolda Cela como número 2 do MEC, até então primeiro nome na linha de sucessão numa eventual saída do ministro do cargo. A expectativa é de que Izolda, natural da cidade governada por Ivo Gomes pela segunda vez, consolide sua candidatura à Prefeitura. Sobral é o quinto maior colégio eleitoral do Ceará. De acordo com o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município soma cerca de 203 mil habitantes, atrás apenas de Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Juazeiro do Norte. As quatro cidades são, nessa ordem, as mais populosas do Estado. Sobral é a quinta.
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