O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou, nesta terça-feira (4), como ‘desastrosa’ e ‘matança’ a operação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, realizada no último dia 28. A declaração foi dada durante entrevista à Associated Press e Reuters.
"Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança", declarou o presidente, que está em viagem a Belém (PA).
Durante a conversa, Lula disse ainda: "O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa".
O gestor ainda defendeu que a Polícia Federal participe do processo de investigação das mortes. O tema deve ser tratado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em audiência na quarta-feira (5).
"Eu acho que é importante a gente verificar em que condições ela [a operação] se deu, porque até agora nós temos uma versão contada pela policia, contada pelo governo do estado e tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação", disse Lula.
'INACEITÁVEL', AVALIA LULA
No final de outubro, o presidente falou a primeira vez sobre a operação. Em nota, o líder brasileiro criticou o crime organizado e afirmou que as ações criminosas eram inaceitáveis.
"Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco", publicou Lula em suas redes sociais.
O político disse que se reuniu hoje pela manhã com ministros do governo e determinou ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que fossem ao Rio para encontro com o governador Cládio Castro.
"Foi exatamente o que fizemos em agosto na maior operação contra o crime organizado da história do país, que chegou ao coração financeiro de uma grande quadrilha envolvida em venda de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro", complementou Lula.
O presidente ainda disse que, com a aprovação da PEC da Segurança, que seu governo encaminhou ao Congresso Nacional, será possível "garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas".
SOBRE A MEGAOPERAÇÃO

Um balanço parcial desta quarta-feira (29) fala em 121 mortes. O número inicial, na terça-feira (28), era de 64 mortes, sendo 60 suspeitos e 4 policiais.
Enquanto o Governo do Estado do Rio de Janeiro trata a "Operação Contenção" como a maior da área de segurança dos últimos 15 anos, movimentos sociais falam em ação mais violenta da história do Estado.
Na rede social X, antigo Twitter, o GovRJ apresentou o balanço completo da operação, que representou, segundo o Executivo, o "maior baque que a facção já tomou em toda a sua história”.
“Uma investigação de 1 ano envolvendo todas as polícias do RJ. O foco da operação foi retirar o confronto da comunidade e levá-lo para a área de mata, protegendo a população e reduzindo os efeitos colaterais”, informou a publicação.
O governo do Rio afirmou ainda que foram mais de 60 dias de planejamento com inteligência, levantamentos, mapas e distribuição tática das tropas. Que todos os policiais estavam com câmeras corporais e que “o cenário encontrado foi o previsto”.
Balanço de prisões e apreensões
- 113 presos (33 de outros estados);
- 10 adolescentes detidos;
- 118 armas apreendidas, sedo: 91 fuzis, 29 pistolas e 14 artefatos explosivos;
- Mais de 1 tonelada de drogas apreendidas.
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