Artefatos vêm sendo utilizados por bandidos para explodir caixas e cofres nas agências bancárias do Interior
Setores de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e das polícias Civil e Militar trabalham em investigações conjuntas com o objetivo de descobrir a origem dos artefatos que estão nas mãos de bandidos.
O uso de explosivos tornou-se comum nas ações de
quadrilhas que vêm atacando bancos e sitiando cidades do Interior do
Estado do Ceará.Setores de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e das polícias Civil e Militar trabalham em investigações conjuntas com o objetivo de descobrir a origem dos artefatos que estão nas mãos de bandidos.
Somente neste ano, três assaltos a bancos, com o uso de explosivos, foram registrados no Ceará. O primeiro, no dia 4 de janeiro, quando uma quadrilha atacou a agência do Banco do Brasil da cidade de Solonópole (275Km de Fortaleza). Depois, no dia 7 de fevereiro, o ´alvo´ dos ladrões usando artefatos foi a agência do BB da cidade de Madalena (186Km da Capital).
Destruição
Por último, ocorreu o assalto ao Banco do Brasil de Banabuiú (214Km de Fortaleza), na tarde do dia 1º de março, quando os ladrões usaram uma carga de explosivos tão intensa que a detonação dos artefatos causou a completa destruição da agência bancária, e ainda, atingiu uma escola vizinha.
"Praticamente, todo o prédio foi demolido, e por, ironia do destino, só ficaram de pé os caixas eletrônicos que os bandidos queriam explodir", disse um policial civil da região, destacado para dar início às primeiras investigações em torno do fato.
No ano passado, a SSPDS fez o registro de 37 ataques a bancos em todo o Estado, incluindo aqueles considerados ´clássicos´ (em que bandidos armados invadem a agência, fazem reféns e levam o dinheiro, sem usar dinamite), os arrombamentos de caixas (com o uso de maçarico ou outros apetrechos) e, ainda, aqueles em que as quadrilhas explodem os caixas eletrônicos ou mesmo o cofre-forte.
Em 15 dos 37 assaltos do ano passado, os criminosos usaram artefatos explosivos para violar os equipamentos onde estava acondicionado o dinheiro. Estes episódios ocorreram nas cidades de Cariús (03/03), Pires Ferreira (02/06), Groaíras (07/06), Parambu (14/6), Apuiarés (22/06), Caridade (06/07), Quiterianópolis (15/07), Hidrolândia (03/08), Ibicuitinga (02/09), Ocara (28/09), Fortaleza (06/10), Jaguaretama (13/10), Palmácia (26/10), São Gonçalo do Amarante (01/12), e, por último, na cidade São João do Jaguaribe (03/12).
Especialistas em explosivos ouvidos pela Reportagem explicam que, apesar de o acesso aos artefatos estar sendo fácil, o mesmo não ocorre em relação ao manuseio do material destrutivo. "Estamos vendo nestas ocorrências que eles não sabem quantificar a carga necessária para a abertura dos equipamentos. Usam carga em demasia, destoem os prédios e, em vários casos, destroem também o equipamento e dinheiro que pretendiam levar", disse um perito.
Escola
Na última ação criminosa, na cidade de Banabuiú, a explosão foi tão forte que causou destruição em diversas dependências de uma escola pública localizada vizinha à agência do Banco do Brasil.
Por sorte, na hora do assalto, não havia mais ninguém no prédio. "Os alunos tinham saído de lá pouco mais de meia hora antes. Se ainda estivessem lá, muitos ficariam feridos ou morreriam", disse um policial.
Para a Polícia, a principal vertente das investigações diz respeito ao desvio ou furtos de explosivos que são utilizados em pedreiras na Região Metropolitana de Fortaleza ou no Interior do Estado.
Mas, a Inteligência não descarta a hipótese de que os explosivos que vêm sendo usados no Ceará sejam oriundos de outros Estados brasileiros. A Polícia já tem a prova de que muitas das quadrilhas que agiram neste Estado têm ligações com bandos de fora.
Prova disso foi a recente desarticulação da quadrilha responsável pelo ataque na cidade de Catarina, na Região dos Inhamuns, onde parte do grupo era formado por criminosos do estado de Sergipe . Há também um dos ladrões natural de Pernambuco ou de Goiás. Ele não foi ainda capturado.
Encontrada
Em algumas ocorrências registradas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), artefatos explosivos são encontrados abandonados em via pública.
Em situações desta natureza, a Ciops aciona, imediatamente, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), unidade de elite da PM pertencente ao Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque).
O grupo possui homens especializados no desarme de artefatos. São homens treinados que passaram por cursos voltados ao conhecimento de explosivos, alguns com formação em outros Estados. Os explosivos recolhidos nas ruas ou em poder de bandidos são detonados.
NÚMERO
37 bancos foram assaltados, no ano passado, no Ceará. Em 15 deles, os bandidos explodiram os caixas eletrônicos. A procedência dos artefatos não foi identificada
3 agências assaltadas neste ano tiveram parte de sua estrutura física comprometida depois que os criminosos usaram dinamite para abrir os caixas ou o cofre-forte
Reforço no Interior mostra resultados
Mais de 60 pessoas presas e diversas quadrilhas desarticuladas. Este foi o saldo positivo que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) contabilizou em 2011 nas investigações conjuntas das polícias Civil e Militar e Coordenadoria Integrada de Inteligência (Coin) no combate aos assaltos a bancos.
Além disso, segundo dados da SSPDS, os números revelam que os assaltos contra estabelecimentos bancários se mantiveram estabilizados em comparação a 2010, isto é, 37 ataques. Apesar das ações violentas no Interior, na Capital e sua Região Metropolitana os índices de assaltos a banco caíram.
Apoio
E foi exatamente por conta dessa constatação, que o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, coronel Francisco José Bezerra, decidiu junto com seus assessores redimensionar o policiamento no Interior, com o incremento de maior efetivo e o deslocamento de forças especiais da Capital para as regiões consideradas de maior vulnerabilidade e onde aconteceram mais assaltos no ano passado, como no Sertão Central, Inhamuns e na Zona Norte.
Uma dessas medidas foi deslocar para o Interior do estado duas das três aeronaves da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer). Agora, apenas um helicóptero fica em Fortaleza. Os outros dois foram deslocados para as regiões do Sertão Central e Sul.
Também foi criada uma nova unidade dentro do organograma do Batalhão de Policia de Choque (BpChoque).
Cotar
Trata-se do Comando Tático Rural, o Cotar, efetivo que foi treinado e já está atuando em apoio aos batalhões e companhias interioranas na prevenção e repressão aos assaltos.
E foi exatamente o emprego destas duas unidades (Ciopaer e Cotar) que resultou na desarticulação e prisão da quadrilha que no dia 27 de fevereiro assaltou o BB de Catarina, na Região dos Inhamuns (398Km da Capital).
Depois do assalto, os bandidos se refugiram em um matagal e através dele - depois de percorrerem dezenas de quilômetros - chegaram ao distrito de Ebron, no Município de Acopiara. Foi lá, na manhã do dia 2 último, que ocorreu o confronto com a Polícia Militar. Descobertos depois do levantamento de pistas, os criminosos se envolveram em um intenso tiroteio com policiais da Ciopaer e do Cotar. Neste embate, quatro dos ladrões acabaram mortos.
Na mesma operação, a Polícia deteve um grupo que havia saído de Fortaleza, em uma topique, em direção a Acopiara, com o objetivo de resgatar os comparsas. No mesmo dia, o efetivo, sob a coordenação do Comando do Policiamento do Interior (CPI), localizou o armamento do grupo. Entre as armas apreendidas, estavam fuzis, metralhadoras, escopetas e pistolas.
Dois dos fuzis havia sido roubado pela quadrilha quando esta invadiu a sede do Destacamento da PM e matou um policial.
NÚMERO
17 armas de fogo foram localizadas pela Polícia Militar em poder da quadrilha que, no dia 27 último, assaltou o banco de Catarina e assassinou um policial militar
Chefe de bando é fugitivo da Decap
Das dez pessoas que participaram ativamente do ataque à agência do Banco do Brasil da cidade de Catarina, na Região dos Inhamuns, apenas uma está foragida, segundo a Polícia. Trata-se de um dos chefes do bando. José Roberto da Silva Duarte é foragido da Justiça. Em 2010, ele escapou da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), em Fortaleza exatamente na madrugada do dia 25 de julho daquele ano, juntamente com outros seis detentos.
´Zé Roberto´ é natural de Icó, assim como a maioria dos integrantes da quadrilha. Na semana passada, o bandido teve mais uma, a sexta, prisão preventiva decretada pela Justiça. O juiz da Comarca de Acopiara e que está respondendo também pela Comarca de Catarina, Antônio Cristiano de Carvalho Magalhães, decretou a preventiva do assaltante e de outros integrantes da quadrilha.
Presos
Segundo a Polícia, já estão presos cinco acusados, entre eles, Francisco Jânio Pereira Mota, Pedro Luís de Negreiros, o ´Nando´; e José Walter Correia de Lima.
Já no tiroteio ocorrido no último dia 3, na zona rural de Acopiara, morreram os assaltantes identificados como João Pires Soares (sergipano), Juvenal Vítor Lucas (de Icó), Jorge Luís de Lima Silva (de Sergipe) e Jonas Sombra Rodrigues (de Cascavel). Em poder deles havia armas de grosso calibre, como fuzis, metralhadoras, pistolas e escopetas (calibre 12).
Investiga
Em outra investigação paralela, a Polícia trabalha para desarticular outra quadrilha. O bando investigado foi o responsável pelo ataque ao Banco do Brasil da cidade de Banabuiú (214Km de Fortaleza), ocorrido na tarde do dia 1º de março.
A quadrilha agiu com bastante violência e dinamitou a agência na tentativa de roubar o dinheiro depositado nos caixas eletrônicos, além de fazer disparos de fuzil e fugir com reféns.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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