A cada dia, para o Fortaleza, surge como que uma luz no fim do túnel qualquer notícia alvissareira sobre o início da Série C, sepultando para sempre aquela inquietação que torna cada treino físico uma maratona extenuante rumo ao nada.
Jogadores do Fortaleza mantêm rotina de treinos no Alcides Santos Foto: Lucas de Menezes
A reunião ocorrida ontem à tarde no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pode não ter decidido tudo, mas, para o Leão, foi um empurrão a mais para destravar a competição tão aguardada. Representantes do Rio Branco/AC e Araguaína/TO entraram em acordo com a CBF para retirar as ações na Justiça Comum que determinam suas inclusões na Série C do Campeonato Brasileiro. O único clube entre os dissidentes que não compareceu à reunião foi o Treze de Campina Grande (PB). Por conta disso, o acordo não pôs fim ao imbróglio das Séries C e D de forma oficial, embora tenha sido visto como um avanço.
Mediador
Esperava-se que no dia de ontem o presidente da CBF, José Maria Marin, fosse disparar punições para os clubes rebeldes, entretanto, ficou a cargo do procurador do STJD, Paulo Schmitt, fazer a mediação do encontro. Na ocasião, ele disse que esta semana dará início às sanções desportivas contra quem insistiu em descumprir as regras das competições organizadas pela CBF.
"O Araguaína e o Rio Branco irão retirar a ação, e o Treze, em princípio, permanece com a ação judicial. Nós vamos garantir imunidade de responsabilização aos clubes que retirarem a ação e o mesmo não vai acontecer aos que estão, por ora, descumprindo o regulamento e as normas internacionais", explicou o procurador.
O Brasil de Pelotas/RS, apesar de ter sua liminar revogada na Justiça Comum do Rio Grande do Sul, ainda pretende entrar com ação de perdas e danos contra a CBF pelos prejuízos que está tendo com a paralisação.
Início
Muitos se especula sobre o início das Séries C e D. A princípio, entende-se que o grupo do Sul da Série C poderia começar, já que este não inclui o Treze/PB. De forma similar, a Série D também estaria liberada, mas o início das referidas competições deve ser confirmado hoje pela diretoria da CBF, após conhecer o novo cenário da confusão nessas duas séries do campeonato.
O Treze e o Brasil de Pelotas, se ainda insistirem com liminar na Justiça Comum, correm o risco de receberem sanções, como a desfiliação da CBF, multa diária de R$ 100 mil e punições até para a Federação Paraibana de Futebol, segundo o STJD.
Se pior, melhor
Para o diretor de futebol do Leão, Jorge Mota, o Treze está trabalhando na linha do "quanto pior melhor". "Nós queremos que a competição comece logo, nem que o Fortaleza não estreie neste fim de semana. Acho que o Treze está se agarrando ao último suspiro de fazer alguma coisa neste ano de 2012. Ele não está no Campeonato do Nordeste e não tem Série C nem D para ele prevista para este ano", argumentou Jorge Mota.
O presidente do Fortaleza, Osmar Baquit, manteve contato permanente com o presidente da Federação Cearense de Futebol, que estava no Rio, acompanhando a reunião. Baquit disse que chegou até a ser cogitada a estreia do Leão na sexta-feira à noite na Capital cearense, contra o Rio Branco ou outro clube. "Ainda não sabemos se a competição começaria pela primeira rodada ou se pela quinta rodada".
Outra grande batalha do presidente do Leão, juntamente com a sua diretoria, é quitar o mês de maio com jogadores, comissão técnica e funcionários. "Até sexta vamos pagar", disse.
SAIBA MAIS
Ação judicial contra o Treze
Fortaleza, Sant a Cruz e Paysandu irão ingressar com uma ação judicial contra o Treze/PB, por perdas e danos, buscando ressarcimento pelos prejuízos financeiros que os clubes tiveram durante esse período sem jogos oficiais. Os três irão pedir a concessão de uma tutela jurisdicional de forma antecipada, visando ao bloqueio de contas, bens móveis e imóveis e rendas decorrentes de publicidade do Treze
ÁGUIA DE MARABÁ
Dirigentes do Águia de Marabá informaram que, ontem à tarde, foram contatados por pessoas ligadas à CBF, as quais pediram para que fosse agilizada a compra de passagens aéreas para Fortaleza. Daí, se presume que o Leão estrearia no domingo, diante do Águia, no PV. Por ora, o Tricolor treina com o Maranguape amanhã, às 16h, no PV
Presidente do Treze diz que não retira ação da Justiça Comum
O presidente do Treze, Fábio Azevedo, disse ontem, por telefone, à reportagem do Diário do Nordeste, que de forma alguma vai retirar a liminar na Justiça Comum que ordena a inclusão de sua equipe na Série C do Campeonato Brasileiro, no lugar do Rio Branco/AC.
"O Treze vai continuar lutando para resguardar seus direitos na Justiça Comum e é bom que todos ouçam a nossa versão para que não fiquemos como vilões nessa situação", disse o presidente do Galo da Borborema.
"Não estamos ferindo nenhuma legislação porque entramos primeiro no STJD pleiteando a vaga que seria do Rio Branco. Acontece que o próprio relator do processo no STJD, no seu acórdão, diz que seria melhor procurarmos a Justiça Comum. Foi o que fizemos", argumentou.
Fábio Azevedo disse não temer "gritos e pressão de CBF ou de quem quer que seja". "Estamos respaldados em uma decisão judicial, e a CBF não pode estar acima da Constituição Federal que nos assegura isso", disparou o presidente.
O dirigente do clube de Campina Grande disse também que não foi o Treze que paralisou a Série C. "Quem fez isso foi o Santo André no STJD. O que pedimos foi a nossa inclusão na Série C. Qualquer ação judicial cobrando alguma coisa deve ser feita a ele ou a CBF, não a nós, que não impedimos a competição de começar", defendeu-se.
Indagado sobre a falta de direitos de seu clube entrar na Série C na vaga do Rio Branco, o dirigente comparou: "Aí no Ceará, em 2002, o Malutrom desistiu de disputar a Série C daquele ano. E quem entrou foi o Guarany de Sobral, que era o terceiro colocado, quando só existiam duas vagas para o futebol cearense. É a mesma coisa, comparou".
João Carlos ficaria de fora da estreia
Caso realmente o Fortaleza venha a estrear no próximo domingo, na Série C do Brasileiro, o goleiro João Carlos ficará de fora, por conta de uma torção no tornozelo direito, aliado a um edema ósseo no mesmo local.
O goleiro se lesionou na semana passada, quando participava de um treino coletivo e saltou para tentar defender uma bola
O goleiro se contundiu na semana passada, quando participava de um treinamento coletivo e saltou para defender uma bola. Ao descer ao gramado, apoiou-se no tornozelo direito, que torceu e apresentou o edema ósseo.
"O edema ósseo é uma contusão dentro do osso. Quando ocorre uma contusão dentro do músculo, que são as partes moles, como nós chamamos, sangra de dentro do músculo. Com o osso ocorre a mesma coisa", explicou o médico do clube, Henrique Bastos.
A lesão de João Carlos é a mesma do zagueiro Ciro Sena, que está em tratamento desde o fim do Estadual, em 13 de maio. "A reabilitação é muito relativa. Pode levar de dez dias a seis semanas ou oito. Depende muito do atleta. O que vai determinar é se o atleta está sentindo dores ou não", explicou o médico.
Várias lesões
Mesmo sem jogar, o Tricolor tem atletas com lesões variadas. Além de Ciro Sena, os volantes Elton e Careca também estão lesionados. Ontem, o lateral Rafinha, que teria sido acometido por uma virose, passou mal após o treinamento no Pici.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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