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domingo, 28 de outubro de 2012

Brasil - Condenada no mensalão, ex-funcionária de Valério pede para não ser presa


Simone Vasconcelos, em sua primeira entrevista desde o seu depoimento na CPI dos Correios A funcionária que entregou milhões de reais em espécie para os partidos políticos beneficiados pelo mensalão admite que errou ao cumprir ordens do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e diz que não merece ir para a prisão pelo que fez. 

Simone Vasconcelos, 55, era diretora financeira da agência de publicidade SMPB, uma das empresas usadas para distribuir o dinheiro do esquema organizado pelo PT no governo Lula. 

Ela foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Sua pena ainda não foi definida pelo tribunal. 


Na sexta-feira, ela quebrou o silêncio que mantinha desde seu depoimento à CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2005, e concedeu uma longa entrevista à Folha em Belo Horizonte. 

Chorando, Simone disse que prefere cumprir uma pena alternativa, como a realização de serviços comunitários, do que ir para a cadeia. 

"Eu peço que eles [os ministros do STF] deixem eu ver o crescimento de minha neta", afirmou Simone. "Eu sou do bem. Se eu errei? Claro que errei, errei sim, mas já paguei pelo erro nestes sete anos." 

Simone vive hoje com uma aposentadoria de R$ 2.400 e trabalha numa locadora de veículos administrada por parentes. A seguir, os principais trechos da sua entrevista.



Simone Vasconcelos, em sua primeira entrevista desde o seu depoimento na CPI dos Correios
Folha - Qual a sua opinião sobre o julgamento do STF?
Simone Vasconcelos - É um sofrimento de sete anos. Há uma diferença gritante entre mim e a [ex-gerente da SMPB] Geiza Dias, que felizmente foi inocentada, e a grande maioria dos réus. A nossa pura inocência é que me levou a estar nesse processo. Uma inocência burra. Eu tinha a expectativa de ser inocentada, inclusive pelo [ministro do STF] Joaquim Barbosa.
Como viu suas condenações?
Sou acusada de evasão. Não sei o que é isso. E uma quadrilha em que só conheço três, os ex-sócios [de Valério]? Corrupção? Quando você corrompe alguém, você quer alguma coisa. Quem eu corrompi para ganhar o quê? Depois soube que era para uma votação da Previdência, não é isso? Isso é briga de cachorro grande, e eu estou lá.
O que diria aos ministros que agora vão decidir sua pena?
Peço que eles deixem eu ver o crescimento de minha neta [de seis meses]. Eles sabem o que fazer. Sei que é impossível, mas gostaria era que os ministros todos pudessem fazer isso aqui comigo. Podia ser questionário, olho no olho, Joaquim Barbosa, um por um. Vem, pergunta. Aí eles iam saber quem sou eu.
E a possibilidade de ser presa?
Estou fazendo um trabalho mental, espiritual. Se for necessário, eu vou, com dignidade, trabalhar lá dentro, com gestantes, ajudar a cuidar. Vai ser meu modo de me manter viva. Eu sou do bem. Se eu errei? Claro que errei, errei sim. O erro de ter aceitado a ordem para entregar os valores. Eu provavelmente perderia meu emprego, porque Marcos Valério nunca foi um chefe
amigo, ameno.
Aceitaria pena alternativa?
Claro que eu topo. Eu prestaria serviço comunitário, iria contribuir muito mais do que ficar lá [na cadeia].
A sra. não achava estranho distribuir dinheiro vivo para políticos em Brasília?
Achava estranho e questionei: "Marcos, não posso fazer DOC, transferência bancária?" Ele disse: "Simone, a agência está toda correta. Os contratos você viu, a parte da agência está toda certa. Se existe alguém errado nessa história é quem recebe, e isso é problema deles." Não conheço ninguém da cúpula do PT que está no processo, nem do Banco Rural, [que ajudou a financiar o esquema].
Como começou essa história?
Quando recebi a ordem de preparar a documentação para firmar os empréstimos com os bancos, encarei o serviço como outro qualquer. Eu sabia que o Banco Rural emprestou aquela fortuna. O Marcos falava: "Faz isso direito que eu tenho que prestar contas para o Delúbio [Soares, então tesoureiro do PT]."
A sra. não imaginou nessa hora que havia algo errado?
Não sou bobinha, claro que sim. Eu ficava pensando: o Banco Rural fica emprestando dinheiro para o PT, é lógico que tem algum interesse. Mas não era da minha alçada.
O empréstimo era para o PT e quem recebia não era do PT.
E eu sabia lá quem era quem? Eu não tinha noção de quem era o Jacinto Lamas [tesoureiro do PL], que chegava todo risonho. Eu queria que ele assinasse o recibo logo. Jamais ouvi falar em compra de voto. Para mim, era assim: "Esse pessoal está fazendo caixa dois, pagamento de campanha." Ganhava só meu salário para fazer isso.
Quando a sra. depôs na CPI, em 2005, ficou marcada pela frase de que carregava mala com rodinha, ao ser perguntada sobre repasse de dinheiro. A sra. se arrepende da frase?
Não. Usaram fora do contexto. Nunca usaram nada a meu favor. A ministra [do STF] Cármen Lúcia diz que fui cínica. Ela tinha que ler. Nunca carreguei mala com dinheiro. Entregava no banco e às vezes no hotel.
A sra. se arrepende de algo?
Me arrependo de não ter tido mais maldade, de confiar tão cegamente, de ver que isso não estava correto. Não adianta ter arrependimento de coisas que não fiz. Meu arrependimento é de não ser mais maldosa. Não tive essa maldade. A entrega do dinheiro era 1% do meu trabalho.
O advogado da Geiza diz que ela era mequetrefe. A sra. também se considera uma mequetrefe?
Neste contexto? Total. Eu não era [mequetrefe] na importância da organização da empresa. Mas nisso aí [mensalão] é outro mundo.
Afinal, qual era sua função na agência, diretora ou gerente financeira?
Me deram todos os cargos, até de secretária. Se chegava uma concorrência, eles queriam aumentar o staff da agência, eu era diretora financeira. Às vezes eu era gerente.
A sra. era uma espécie de braço-direito do Valério?
Ele tinha confiança de que o que eu levasse para ele assinar, era algo que ele havia determinado. Não teria nada que eu inventei, que não estava autorizado.
Qual última vez que a sra. falou com ele?
Fui obrigada a cumprimentar o Marcos na Justiça Federal, numa audiência, coincidiu o horário. Eu cortei relações. Não vejo Marcos Valério há muitos anos.
A sra. acha que ele a usou?
Tenho certeza absoluta. É onde chega minha inocência burra. Se 100% dos funcionários da SMPB fossem obrigados a testemunhar, diriam que eu era subalterna. A gente fazia só o que era determinado, sem poder questionar ordens. O Marcos não dava abertura para conversas. Para mim, os empréstimos eram legais. Eu fui a boba, a ingênua burra, inteligente para umas coisas e burra para outras, eu sei.
Alguém ofereceu algo para sra. não falar nada?
Não recebi nem pêsames quando meu pai morreu, vou receber outra coisa? Que que isso. Não tenho nenhuma carta na manga. Eu falei tudo. E você acha que tenho algum reconhecimento?
O Valério é quem comandava tudo mesmo na agência em relação ao dinheiro distribuído?
Quem me dava ordem em relação a esse dinheiro do PT chama-se Marcos Valério. É a minha verdade.
Tem alguém que recebeu dinheiro cujo nome ainda não foi revelado?
Eu não sei, porque as pessoas que iam buscar nem sempre eram as que recebiam. O Jacinto Lamas, por exemplo, ia pegar comigo e não sei para quem ele repassava.
E como foi a história do ex-deputado José Borba, de que não quis assinar o recibo?
Eu estava em BH trabalhando, e o Marcos me liga bravo: "Você deixou o dinheiro lá com fulano e ele não quis assinar, você vai ter que ir a Brasília só para pagar e é você que estou mandando ir". Depois vim a saber que era José Borba e não queria assinar.
E como era a relação entre os sócios da SMPB?
Todos os três têm personalidades diferentes, valores diferentes. E eu punha panos quentes, porque é da minha característica. Eles não tinham um bom relacionamento entre eles e eu por muitas vezes consegui ajudar.
A sra. tem acompanhado o julgamento do STF?
No início, nas acusações da procuradoria, não. Ia me fazer muito mal, ficar engolindo veneno. Comecei a assistir quando começaram as defesas.
O que sra. diria para o relator Joaquim Barbosa?
Ameniza o coração, amacia o coração. Outro dia acordei com muita dor no quadril e lembrei dele. A vontade é de xingá-lo o tempo inteiro. Eu rezei para ele ficar bom dessa dor [ministro tem dor crônica nas costas], porque a dor põe as pessoas brutalizadas, amargas. Quem sabe ele melhorando, começa a ver as coisas com olhos mais isentos. Ele me aproximou dos sócios em vez de me aproximar da Geiza. Todo mundo falou que eu era funcionária. Eu tinha esperança que ele fosse me absolver. Aí veio a condenação.


Postada:Gomes Silveira  
Fonte:Folha
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