MOTOCEDRO EM QUIXADÁ

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Quixadá - Vandalismo e omissão vêm degradando Açude do Cedro


Quixadá. Considerado uma importante obra histórica, por ser o primeiro reservatório hídrico construído no Brasil, ainda na época do Império, como também pela sua beleza arquitetônica, o Açude do Cedro continua sendo alvo de depredação. Pouco mais de um ano após a danificação de dois pilares de sustentação das correntes seculares da passarela da barragem de pedra, outros dois pilares foram quebrados. O motivo, segundo alguns moradores e de quem cuida do lugar, é o mesmo: crianças e adolescentes saltando de cima das estruturas moldadas em rocha maciça na água.
As marcas da deterioração se verificam em partes do equipamento. FOTO: ALEX PIMENTEL

Além dos riscos aos visitantes, os pilares quebrados causam
desarmonia estética e prejuízos econômicos. Segundo o administrador do Açude, Almir Benício, é possível notar a diferença entre os originais e os substituídos. Cada pilar custa em média R$ 1 mil. O dinheiro é desembolsado pelo Governo Federal, através do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs). "Essa foi a terceira vez no ano. Os principais responsáveis são os próprios turistas, oferecendo dinheiro para os meninos saltarem na água fazendo acrobacias. Acabam causando um prejuízo ainda maior", ressalta.

Não bastassem esses problemas, algumas peças e rochas estão sendo pichadas por vândalos. Além da área ser muito extensa, o Dnocs conta apenas com um vigia para resguardar o patrimônio de toda a estrutura entre a montante e a jusante do açude. Para piorar a situação até a iluminação é precária. Os fios e as luminárias dos postes da passarela, da parede do reservatório, foram furtados há mais de década. Nunca mais foram repostos, facilitando a ação dos malfeitores no período noturno. Antes, as famílias e amigos se reuniam para apreciar as noites enluaradas.

Problemas
A respeito dos problemas enfrentados no Açude Cedro o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rosier Alexandre, demonstrou indignação e preocupação. Há pouco mais de 60 dias participando da administração de Quixadá ele já havia solicitado os projetos e informações concretas acerca daquele complexo turístico, considerado por ele o mais importante de Quixadá e um dos mais valiosos do País. Para o titular da pasta, sem o real conhecimento da situação e sem ações concretas e realistas, um patrimônio tão rico está ameaçado de se transformar em ruínas.

Rosier Alexandre falou sobre a recuperação dos armazéns, na entrada da rampa do açude. "Não bastasse a burocracia provocada pelo Instituo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan ), os recursos disponibilizados para a restauração são irrisórios, pouco mais de R$ 200 mil. Esse valor é o suficiente apenas para construir uma casa, pouco acima do preço de um imóvel popular", pontua.

Além de saber acerca dos projetos e recursos disponibilizados ao longo dos anos para o Cedro e seu entorno, Rosier Alexandre diz qeu também será necessário sensibilizar o Ministério do Turismo, o Ministério da Cultura, outros órgãos estatais e até a iniciativa privada acerca do real valor desse complexo arquitetônico histórico.

Ainda conforme o secretário, o problema do Cedro é muito complexo. Ao longo de décadas se arrasta sem solução. "Além da mobilização dos gestores é preciso montar uma estrutura adequada para os visitantes e capacitar os concessionários dos bares e restaurantes existentes naquela área para atenderem melhor a clientela. Mas trata-se de um processo longo, onde haverá necessidade de uma administração municipal dar continuidade a outra, independente dos interesses políticos partidários. Sem esse pacto o Açude Cedro continuará sendo alvo de depredações e do descaso público", enfatizou.

Visitantes como o casal carioca Alexandre Vieira e Natália Amorim reconheceram a beleza do lugar, antes vista somente estampada num cartão postal, quando passaram pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins. Está chovendo no sudeste do país e resolveram se bronzear nas praias cearenses, e curtir as festas de fim de ano, na Praia de Iracema. Acabaram encontrando uma paisagem ainda mais bela, ao mesmo tempo com jeito de abandonada. "No Rio dificilmente um lugar como este estaria assim" diz a bióloga Natália.

Mais informações:

Unidade Local do Dnocs - Quixadá
Açude Cedro, (88) 9606.3966
Secretaria de Turismo de Quixadá
Rua Tabelião Enéas, 649
Centro - (88) 9732.9102

ALEX PIMENTELCOLABORADOR

FIQUE POR DENTRO
Açude foi a primeira represa pública no Brasil
A construção do Açude do Cedro teve início no ano de 1890. A ordem partiu do imperador Dom Pedro II, em decorrência do grande impacto social provocado pela seca de 1877 - 1879. Entretanto, a obra só foi realizada pelos primeiros governos republicanos do Brasil, e concluída após 16 anos, em 1906. Foi a primeira represa pública construída em território brasileiro. De acordo com historiadores, a construção nunca foi inaugurada oficialmente. A barragem, propriedade do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), tem capacidade para 125.694.000 m³. O superdimensionamento da barragem do Cedro em relação ao potencial da sua bacia hidrográfica faz com que suas sangrias sejam raras. Em toda sua história, sangrou apenas seis vezes. O reservatório dispõe de locais para banho, pescaria e para prática de esportes náuticos. Também possui uma extensa rede de canais para irrigação, a primeira construída no Ceará. Hoje, não abastece mais a cidade de Quixadá. A partir de praticamente toda a sua extensão é possível ver a Pedra da Galinha Choca, considerada cartão postal do município. O seu conjunto arquitetônico foi tombado em 1977 como patrimônio nacional.


Postada:Gomes Silveira
Ediçao:Ingrid Lima
Fonte:DN

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