Brasília. O presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), já avisou que vai apostar no argumento de interferência do
Judiciário sobre o Legislativo caso a ministra Rosa Weber, do Supremo
Tribunal Federal (STF), decida pela instalação de uma CPI exclusiva para
investigar a Petrobras. No outro extremo, trabalhando
com a
possibilidade de a ministra optar pela CPI "combo" - que investigaria
cartel de metrô e trens, em São Paulo, e o Porto de Suape, em Pernambuco
-, a oposição já prepara, além de outro recurso ao Supremo, um
esvaziamento da comissão.
As estratégias pensadas no Congresso são baseadas nas três
possibilidades de decisão de Rosa Weber: enterrar de vez a CPI, acatado o
mandado de segurança impetrado por petistas; entender pelo argumento da
oposição e defender a comissão exclusiva da Petrobras; ou manter o que
decidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e mandar
instalar a CPI "combo", a saída encontrada para desviar o foco e blindar
a presidente da República, Dilma Rousseff, além de tentar atingir os
adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Mais do que se colocar como fiel aliado de Dilma, as atitudes do
presidente do Senado têm origem em uma preocupação clara: as devassas na
estatal podem respingar em aliados seus.
O presidente do Senado é padrinho político do presidente da Transpetro,
Sérgio Machado, que manteve encontros com o ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa, quando este já havia deixado a petroleira e operava
negócios na iniciativa privada, conforme indicam dados da agenda e
cadernos de anotação do ex-executivo apreendidos pela Polícia Federal na
Operação Lava Jato.
Responsabilidade de Dilma
A entrevista de José Sérgio Gabrielli ao "Estado de S. Paulo" de ontem,
na qual ele afirma que a presidente "Dilma não pode fugir à
responsabilidade" pela decisão da compra da refinaria de Pasadena, nos
EUA, reforçou a necessidade de abertura de uma CPI para investigar o
negócio, avaliaram líderes da oposição, entre eles o senador tucano
Aécio Neves (MG), pré-candidato a presidente da República.
Gabrielli era o presidente da Petrobras à época da compra da refinaria
de Pasadena e Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, era a
presidente do Conselho de Administração da empresa. Na entrevista ao
Estado, Gabrielli disse ser o "responsável" pela operação de compra, já
que era o presidente da estatal, mas dividiu o ônus com Dilma. Gabrielli
reforçou a afirmação de que o resumo executivo em que o conselho baseou
sua decisão sobre a compra foi "omisso", mas acrescentou que isso não
foi relevante para a decisão.
POSTADA;GOMES SILVEIRA
FONTE;DN
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