Os pronunciamentos dos deputados estaduais na primeira sessão da
Assembleia Legislativa após o segundo turno das eleições acabaram sendo
pautados pelos desdobramentos do pleito que, em âmbito nacional, definiu
a reeleição de Dilma Rousseff e, na sucessão de Cid Gomes como
governador, a vitória de Camilo Santana. As mensagens de preconceito
contra os nordestinos, disseminadas nas redes sociais, também ganharam
espaço nos discursos de parlamentares.
O deputado Fernando Hugo, do Solidariedade, foi um dos que criticaram
as manifestações preconceituosas contra moradores do Norte e Nordeste do
Brasil, apontados como os principais responsáveis pela reeleição de
Dilma Rousseff. Para o parlamentar, as atitudes
são inadmissíveis e
devem ser investigadas pelos órgãos de fiscalização.
"O voto tem que ser respeitado, como impulsão do livre querer, da livre
vontade e do livre perceber", declarou o parlamentar. Hugo ainda
reivindicou uma atitude mais enérgica de instituições como Ministério
Público Federal (MPF), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e núcleos
representativos das igrejas contra os internautas que dispararam
preconceitos.
O parlamentar, que já foi do PSDB e sempre militou contra o Partido dos
Trabalhadores, aproveitou a oportunidade para criticar o PT, atribuindo
às políticas sociais do partido a suposta divisão do País entre ricos e
pobres.
Idiotice
O Bolsa Família foi citado por Hugo como fator determinante para que os
moradores do Sul e Sudeste se coloquem contra nordestinos. O deputado
chamou de "idiotice" as críticas feitas na Internet contra o voto do
Nordeste, mas reiterou que quem separou o Norte e Nordeste foi o PT.
"Criticar nordestino porque votou na Dilma é de uma estupidez tamanha.
Mas é importante dizer que se buscou fazer uma campanha do pobre contra o
rico, dos elitistas burgueses contra os eleitores do Norte e Nordeste.
Por isso, torno a dizer: o Nordeste e Norte são partes importantes do
Brasil", reforçou o parlamentar na tribuna.
Em resposta ao pronunciamento de Fernando Hugo, o deputado Dedé
Teixeira (PT) negou que o Partido dos Trabalhadores tenha sido o
responsável pela "divisão do País" durante as eleições deste ano. "Nós,
cada vez mais, estamos consolidando o País que construímos. O resultado
das eleições demonstra que os eleitores definiram posição vitoriosa à
presidente Dilma", disse, ressaltando que a presidente reeleita agora
busca se reconciliar com o mercado.
Eleitoreiro
Teixeira destacou que a chefe do Poder Executivo não vai tolerar as
discriminações que ocorrem no País, como as que ocorreram após o
resultado das eleições. Para o petista, afirmar que o Bolsa Família é um
programa eleitoreiro é errado, já que a proposta visa apenas a ajudar
famílias a saírem da extrema pobreza.
Ainda de acordo com o parlamentar, a periferia de São Pulo, assim como
todas as regiões do País, têm beneficiários do Bolsa Família. No âmbito
estadual, o petista ressaltou que vários projetos em curso irão se
consolidar, principalmente aqueles relacionados à questão hídrica, como a
conclusão da Transposição das Águas do Rio São Francisco, Cinturão das
Águas e outras obras emergenciais.
Outro deputado que criticou as manifestações preconceituosas foi Ely
Aguiar (PSDC). Segundo o parlamentar, o Bolsa Família é necessário, mas
como socorro imediato. Ele ainda defendeu a profissionalização das
pessoas. "Um país só é desenvolvido com a qualidade do trabalho das
pessoas", afirmou. "A indústria brasileira deixou de produzir e hoje
vivemos um momento de incerteza econômica. A população brasileira
precisa ficar atenta a isso", completou.
Repúdio
Aguiar afirmou que não vai torcer contra o Governo de Dilma Rousseff,
mas disse que ficará atento à condução da gestão da administração
petista. "Mais uma vez, quero registrar o meu repúdio contra aqueles que
querem criticar o povo do Nordeste pela ampla maioria que deram à
senhora presidente Dilma. Vamos esperar. Acredito que agora existe uma
oposição que tem credibilidade que e deve marchar unida", acrescentou o
parlamentar, que fez outros pronunciamentos críticos ao PT nos últimos
meses.
Por sua vez, o deputado João Jaime (DEM) afirmou que o Governo de Dilma
Rousseff tem que provar que vai manter o que ela apresentou em
campanha, como dialogar com a sociedade, Congresso e classes produtoras.
"O discurso dela foi de embate, foi perante os militantes do PT que
gritavam fora imprensa livre. O discurso de vitória dela foi de guerra e
nós que fazemos oposição, cobraremos, porque não tem mais história de
herança maldita", apontou o democrata.
POSTADA;GOMES SILVEIRA
FONTE;DN
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