
A afirmação do doleiro confirma o que disse o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, também em delação
premiada, de que em 2010 recebeu pedido “para ajudar a campanha” de
Gleisi, conforme revelou o Jornal O Estado. Segundo ele, foi o marido da
senadora, o atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, quem fez a
solicitação. Youssef confirmou esse pedido e disse ter viabilizado a
entrega do valor.
Gleisi e Bernardo negam o pedido e o recebimento dos valores. A
ex-ministra diz não conhecer o doleiro nem nunca ter tido contato com
ele ou com o esquema sob investigação da Justiça Federal.
Depois de eleita em 2010, Gleisi se licenciou do Senado no começo de
2011 para assumir o cargo de ministra chefe da Casa Civil do governo
Dilma Rousseff – cargo que ocupou até o começo do ano, quando saiu para
disputar o governo do Paraná. A petista ficou em terceiro lugar na
disputa, com 14,9% dos votos.
Naquela época, Bernardo era titular de Planejamento, Orçamento e
Gestão do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua
delação, Costa lembrou o fato de Bernardo, em 2010, ser ainda ministro
do Planejamento. Com o início do governo Dilma, em 2011, o petista foi
transferido para a pasta das Comunicações.
O ex-diretor da Petrobrás disse que o repasse de R$ 1 milhão para a
campanha da senadora “se comprova” na inscrição que ele próprio lançou
em sua agenda pessoal, apreendida pela Polícia Federal no dia 20 de
março, três dias depois da deflagração da Lava Jato.
Numa página do caderno de Costa consta, entre outras, a seguinte
anotação: “PB 0,1”. Segundo o delator da Lava Jato, o registro significa
“Paulo Bernardo, R$ 1 milhão”.
Youssef, por sua vez, afirmou que os valores foram entregues ao
empresário indicado por Bernardo por um emissário seu, que não teve o
nome revelado.
Os investigadores da Lava Jato acreditam que a quantia de R$ 1 milhão
supostamente destinada à campanha de Gleisi em 2010 foi entregue em
espécie. Eles procuram o representante de Youssef, responsável pela
entrega do dinheiro, para confirmar os pagamentos.
Costa já concluiu o processo de delação, após sucessivos depoimentos a
um grupo de procuradores da República. Youssef decidiu seguir o mesmo
caminho e ainda está fazendo declarações.
Em seu relato, o ex-diretor da Petrobrás disse que o dinheiro para a
campanha de Gleisi saiu de uma cota equivalente a 1% sobre o valor de
contratos superfaturados da Petrobrás.
Esse valor, afirmou Costa, era da “propina do PP”, partido da base
aliada ao governo Dilma que foi presidido pelo deputado José Janene
(PR), morto em 2010. Ele foi líder do PP na Câmara e réu do mensalão no
Supremo Tribunal Federal. Youssef contou em seu depoimento à Justiça
Federal que Costa, apesar de cuidar do 1% destinado ao PP na diretoria
de Abastecimento, “muitas vezes tinha que atender a pedidos do PMDB e do
PT”.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) informou, via assessoria de
imprensa, que “não conhece Alberto Youssef”. “Desconheço completamente
os fatos”, informou Gleisi. “Todas as doações constam na prestação de
contas aprovada pela Justiça Eleitoral.” A senadora informou ainda que
avalia “com seus advogados, quais providências legais assumirá em
relação ao caso”.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, informou que “não pediu
nem recebeu qualquer importância” e que nunca falou com o doleiro
Alberto Youssef. “Reafirmo o que já lhe disse: desconheço esse assunto.
Nunca falei com o senhor Youssef, por qualquer meio.”
Bernardo confirmou conhecer o dono do shopping citado pelo doleiro,
mas nega qualquer irregularidade. O dono do shopping, localizado em
Curitiba, foi procurado pela reportagem do Jornal O Estado, mas até o
fechamento da matéria não havia respondido aos questionamentos.
FONTE;CEARÁ AGORA
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