Mesmo para os padrões degradados da política brasileira atual, o deputado Eduardo Cunha, poderoso presidente da Câmara Federal, é fator de incômodo permanente pela maneira como se porta e pelo estilo controverso que adotou para ganhar espaço no círculo decisório do ambiente de Brasília.
Sua permanência no estratégico cargo em meio a um conjunto consistente de denúncias, utilizando-se dele sem qualquer cerimônia para articular manobras voltadas para o interesse de inviabilizar ou dificultar investigações, tem sido um fator importante de alimentação da instabilidade política que, por sua vez, acentua o cenário econômico difícil e tira muito de uma perspectiva de recuperação. As derrotas sofridas pelo parlamentar ontem, no Congresso e no Supremo, são um alento no sentido de colocar em perspectiva real a retirada de cena, como protagonista, de um dos agentes de desestabilização mais ativos do cenário brasileiro do momento.
Ao conjunto da sociedade interessa uma limpeza ética na política, independente do lado, do partido ou da ideologia de quem seja o suscetível a uma punição. A força com que Cunha tem atuado até o momento representa um fator de desajuste que os resultados adversos desta quarta-feira poderão ajudar a reequilibrar, desde que os desdobramentos esperados e necessários aconteçam. O mais urgente, pelo critério temporário que seja, é o seu afastamento do cargo de presidente, tirando dele a possibilidade de criar dificuldades para o andamento normal de uma investigação que precisa tirar a limpo as sérias denúncias que cercam seu nome e suas ações como homem público.
POSTADA POR GOMES SILVEIRA
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