O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, chorou durante uma parte da delação premiada, ao ser questionado sobre seu envolvimento na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. "Tem gente milionária. Tem gente que não perdeu nada. Eu não, eu perdi tudo que eu tinha", disse Cid.
O depoimento foi feito ano passado, mas foi liberado somente nessa quinta-feira (20), após o ministro Alexandre de Moraes derrubar o sigilo da delação.
A família está vendendo os imóveis. Eu não tenho minha carreira mais, coisas que são pesadas pra gente. E quando eu não tenho nem pra onde sair… Eu não posso sair, a imprensa vai atrás. E nem mais direito a conversar eu tenho. Se eu desabafo com amigo, se eu grito com amigo, no outro dia está na imprensa
Mauro Cid ainda falou sobre o enriquecimento dos envolvidos no plano de golpe, e se referiu Bolsonaro e outros generais.
Nesta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas envolvidas nos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
"Obviamente eu estava falando do presidente Bolsonaro, dos generais… Porque todo mundo que está envolvido está na reserva. Todo mundo que está envolvido na investigação está na casa dos seus 60 anos, 70 anos, já teve sua vida toda, já atingiu seus objetivos de vida e estão sendo investigados. Eu não, eu perdi tudo. Estou com 45 anos e vendo minha carreira desabar na minha frente", disse.
Delação premiada
O acordo de delação premiada previa que Mauro Cid falasse sobre as suspeitas de crimes cometidos por ele e por outras pessoas ao longo do governo do ex-presidente Bolsonaro. Foram tratadas, por exemplo, as investigações da tentativa de golpe de Estado, das joias trazidas da Arábia Saudita e da fraude nos cartões de vacinação.
Caso as informações fornecidas pelo delator sejam confirmadas, ele pode receber benefícios, como a redução da pena e o cumprimento de condenações em regime aberto.
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