O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou, nesta quarta-feira (18), a prisão de Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro e um dos réus da trama golpista.
Na determinação, Moraes argumentou que Marcelo descumpriu uma medida cautelar que o proibia de usar redes sociais. Na terça (16), a defesa de Câmara informou ao STF que foi procurado por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e que eles conversaram por meio de um aplicativo. As informações são da Agência Brasil.
"As condutas noticiadas indicam que o réu e seu procurador tentaram obter os dados sigilosos relativos ao acordo de colaboração premiada, por meio de conversas realizadas pelo Instagram e por meio de contatos pessoais na Sociedade Hípica de Brasília, no período em que o réu Marcelo Costa Câmara estava preso [primeira prisão]", disse Moraes.
O ministro alegou ainda que a defesa "transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado" e considerou "gravíssima" a possível tentativa de obstrução da investigação da trama golpista.
Moraes também determinou a abertura de um inquérito para investigar o advogado e o réu.
Entenda o caso
O decreto de prisão de Marcelo Câmara ocorre após uma troca de mensagens entre o advogado dele, Eduardo Kuntz, e Mauro Cid. O advogado pediu ainda que STF anulasse a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Em depoimento, Kuntz disse que Cid entrou em contato com ele no dia 29 de janeiro de 2023, por meio de um perfil no Instagram, e ele achou que se tratava de uma possível contratação de serviços de advocacia.
Segundo Kuntz, na conversa, Mauro Cid aproveitou para "desabafar" sobre os depoimentos de delação prestados à Polícia Federal.
Cid teira dito ainda ao advogado que os investigadores da PF queriam "colocar palavras na boca dele".
“Várias vezes eles queriam colocar palavras na minha boca. E eu pedia para trocar. Foram três dias seguidos. Um deles foi naquele grande depoimento sobre as joias. Acho que foram cinco anexos. Eles toda hora queriam jogar para o lado do golpe. E eu falava para trocar porque não era aquilo que tinha dito. E eu fui bem claro lá. PR [Bolsonaro] não iria dar golpe nenhum. Queria sempre me conduzir a falar a palavra golpe. Tanto que tive o cuidado de não usar essa palavra", afirmou.
Para Eduardo Kuntz, a fala de Mauro Cid revela que os depoimentos de delação não foram voluntários e devem ser anulados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista.
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